Hagara assume o AVANTE Municipal

Conhecido como "Hagara do Pão de Queijo", empresário e influenciador digital Hagara Espresola Ramos anunciou nesta sexta-feira (31/10) sua filiação ao partido Avante, encerrando sua trajetória no Partido Liberal (PL), onde era primeiro suplente. Hagara deixou de ser o primeiro expectante a uma possível vaga que surja entre os vereadores do PL na 19ª Legislatura da Câmara Municipal.

Em suas redes sociais, Hagara expressou otimismo e compromisso com a nova sigla. “Aceito essa missão com coração cheio de vontade de construir um partido diferente, um partido de fiscalização, feito por pessoas que realmente se importam com o dinheiro público,” escreveu. O ato oficial de filiação contou com a presença do presidente estadual do Avante, Josué Tavares, e do vice Paulo Barbosa.

Perfil do empresário e sua trajetória política
Hagara é proprietário de um empório em Ribeirão Preto, empresa fundada em 2020 focada no comércio de laticínios e frios. Aos 28 anos, ganhou notoriedade local como empresário e influenciador digital, com base sólida de seguidores — mais de 340 mil no Instagram. Seu estilo combativo ficou evidente ainda em 2024, quando protagonizou sua primeira polêmica: o uso de uma sirene em seu comércio para anunciar pães de queijo recém-assados, notória atividade que levou a reclamações e uma intervenção da Prefeitura.

Nas eleições municipais de 2024, Hagara foi candidato a vereador pelo PL, obtendo 2.066 votos, ficando como primeiro suplente. Desde então, expandiu sua atuação nas redes sociais, focando em fiscalizar e criticar o poder público local, em especial a Câmara Municipal e o prefeito Ricardo Silva, motivando embates políticos e batalhas judiciais. Entre seus maiores antagonistas está o vereador Roger Ronan da Silva, o Bigodini (MDB), com quem já trocou farpas públicas e até registrou boletim de ocorrência após episódios de tensão.

Conflitos recentes envolvendo a Vigilância Sanitária no Mercadão
Um dos episódios mais marcantes do último período ocorreu em 25 de agosto de 2025, durante uma fiscalização de rotina da Vigilância Sanitária no Mercado Municipal de Ribeirão Preto — o Mercadão Central — que fiscalizou as condições da comercialização de queijos meia cura, sobretudo produtos sem o selo obrigatório do Serviço de Inspeção Federal (SIF). O foco da ação recaiu sobre a loja de propriedade do pai de Hagara, "Rei do Queijo e do Bacalhau Mercadão Ltda EPP", onde foram apreendidas dezenas de peças de queijo consideradas irregulares, em situação inadequada para consumo e sem rotulagem completa.

A fiscalização gerou reação imediata. O influenciador e suplente de vereador Hagara passou a transmitir ao vivo as ações do órgão em suas redes sociais, o que aumentou a repercussão do caso. Durante a operação, um comerciante tentou impedir o trabalho dos fiscais e teria desrespeitado e desacatado os servidores, o que levou à acionamento da Polícia Militar (PM) e Guarda Civil Metropolitana (GCM).

Hagara alega perseguição política, afirmando que apenas o estabelecimento da família foi alvo da ação, e tem usado vídeos para contestar as acusações de desacato que o levaram a prestar depoimento na Central de Polícia Judiciária. Hagara promete baixar os vídeos da fiscalização e usá-los para comprovar que não houve desrespeito aos servidores públicos.

Os agentes da Vigilância Sanitária, por sua vez, afirmam que as operações visam exclusivamente a manutenção da saúde pública e segurança alimentar, com prazos e orientações já estabelecidos desde o início do ano para regularização dos estabelecimentos do Mercadão, que não foram cumpridos por alguns comerciantes, incluindo o da família de Hagara.

Além disso, no contexto dessas tensões, o Município de Ribeirão Preto instaurou um processo judicial contra Hagara, requerendo a remoção urgente de conteúdos publicados por ele nas redes sociais, que contêm vídeos e postagens ofensivas contra agentes públicos da Vigilância Sanitária. A Justiça determinou liminarmente que ele retire o conteúdo sob pena de multa diária de R$ 50 mil e que se abstenha de atos de intimidação durante fiscalizações.

Em conflito com políticos locais e judicialização
A relação conflituosa entre Hagara e o vereador Bigodini ganhou destaque no início de agosto, quando o suplente foi cobrado durante sessão da Câmara e desafiado a “atrapalhar a sessão” e “incomodar os vereadores”. O embate, inicialmente típico de disputas políticas, se estendeu para as redes sociais e chegou até a delegacia, marcando um aumento da tensão entre os dois representantes.

Em fevereiro de 2025, Hagara foi alvo de uma liminar emitida pela 1ª Vara da Fazenda Pública de Ribeirão Preto, que determinou a remoção de vídeos ofensivos contra o prefeito Ricardo Silva (PSB) de suas redes sociais, sob pena de multa diária, por conteúdo que o Judiciário considerou além da crítica política usual e capaz de causar dano à imagem do prefeito. O processo envolve ainda as plataformas Meta (Facebook e Instagram) e TikTok, que foram solicitadas a retirarem o material caso o influenciador não o faça.

O novo rumo pelo Avante e as perspectivas para 2026
Na nova sigla, Avante, Hagara pretende manter uma postura autônoma e crítica em relação ao atual governo, alinhando-se ao governador estadual Tarciso de Freitas, opositor ao Governo Lula, muito embora que o partido é da base do Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva que tem como protagonista o Deputado Federal André Janones que também foi candidato a presidente, apesar disso, Hagara diz ter a confiança e liberdade do Diretório Nacional. Hagara presidirá a macrorregião de Ribeirão Preto, que abrange 100 cidades, reforçando sua base política e ampliando sua influência em nível regional.O Avante é um partido que, embora tenha raízes desde 1994 como PTdoB, partido trabalhista à esquerda foi renomeada em 2017. Hoje defende diversidade, participação política e possui representantes no cenário federal, estadual e municipal, atuando também como base do governo federal.

* Em 2024, o partido não lançou candidato a prefeito de Ribeirão Preto e teve 2.164 votos em 11 candidatos a vereadores na chapa não alcançando o coeficiente eleitoral.