Câmara tem ofensas, ameaças e goleada contra cassação
Após ser chamado de 'bandido' e retrucar chamando de 'sindicato de merda', presidente se livra de pedido de perda do mandato
, atualizado
Compartilhar notícia

Troca de farpas, xingamentos em frente às câmeras e, para finalizar, o sepultamento de uma representação que pedia investigação do presidente da Câmara, Isaac Antunes (PL), por quebra de decoro parlamentar. Eis o resumo das últimas semanas no Legislativo de Ribeirão Preto.
Antunes se envolveu em polêmica com o Sindicato dos Servidores Municipais e seu presidente, Valdir Avelino. Durante a sessão de votação da Reforma Administrativa, em 3 de setembro, chamou a entidade de "sindicato de merda", em meio a bate-boca com representantes dos trabalhadores, após ter sido chamado de "bandido" por manifestantes.
O episódio resultou em pedido de cassação por quebra de decoro, protocolado por PCdoB e PSOL, mas rejeitado em 8 de setembro por 16 votos contrários e 3 favoráveis, com críticas da oposição por corporativismo e falta de ética.
A polêmica tem raízes na Reforma Administrativa do prefeito Ricardo Silva (PSD), que reorganiza a estrutura municipal e gerou receio entre servidores sobre perda de direitos. A reação de Antunes ocorreu diante de manifestações críticas na galeria da Câmara.
Fora da Casa, aliados defenderam a liberdade de expressão do presidente, enquanto opositores criticaram sua postura como desrespeitosa. Movimentos sociais e entidades de servidores cobraram respeito às instituições. Para o cientista político Rafael Monteiro (USP), "extrapolar o debate com ataques pessoais compromete a credibilidade das instituições e enfraquece o diálogo democrático".
Hoje acusador, Isaac participou de esquema criminoso
Isaac Antunes, que acusou sindicalistas de corrupção devido à participação do ex-presidente da entidade, Wagner Rodrigues, e a ex-advogada Maria Zuely - os dois estão implicados por crimes como falsificação de ata e esquema de propina, tem algo em comum com quem acusa: um histórico de condenação criminal.
Em 2022, o vereador firmou um acordo com o Ministério Público para encerrar um processo por corrupção eleitoral e associação criminosa, ambos apurados na Operação Themis. Durante o processo, Antunes admitiu sua participação em esquema de captação irregular de votos e concordou em pagar uma multa de R$ 6 mil para evitar uma condenação formal. A Justiça Eleitoral homologou o acordo, encerrando o caso sem que houvesse efeitos práticos em sua carreira política.
A Operação Themis revelou um esquema de fraudes judiciais envolvendo escritórios de advocacia que cadastravam pessoas interessadas em renegociar dívidas e, sem autorização delas, moviam processos indenizatórios. Um dos investigados firmou acordo de delação e alegou que Antunes tirava proveito eleitoral desses cadastros. Além disso, conversas interceptadas mostraram que o vereador era amigo de advogados investigados na operação, levantando suspeitas sobre seu envolvimento no esquema.