Justiça limita convivência de pai que expôs o filho nas redes sociais

Vídeo gravado e postado pelo genitor mostrou a criança após cair em um poço artesiano

, atualizado

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Vídeo da criança em poço teve mais de 600 mil visualizações antes de ser retirado do ar por decisão judicial
Vídeo da criança em poço teve mais de 600 mil visualizações - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Vídeo da criança em poço teve mais de 600 mil visualizações - Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

A Justiça de Ribeirão Preto restringiu a convivência entre um porteiro e o filho, após a criança ser exposta de forma vexatória nas redes sociais. Um vídeo gravado e postado pelo genitor mostrou a criança, na época com seis anos, após cair em um poço artesiano em seu local de trabalho. Pela sentença, o convívio entre os dois deve ser apenas virtual, pelo período de um ano.

A decisão atende a um pedido da mãe do garoto, após a postagem viralizar. Quando o processo teve início, o vídeo tinha mais de 600 mil visualizações e quase dois mil comentários, apenas em um aplicativo de vídeos curtos.

Em sua defesa, o porteiro disse que o objetivo da divulgação não era expor o filho, mas sim "alertar" outros pais sobre o risco de deixar crianças sozinhas.

Em decisão liminar (provisória), a Justiça já havia determinado a remoção do conteúdo da Internet e suspendido o direito do genitor de levar o menino para a cidade onde mora, no Vale do Paraíba.

Ao julgar a ação, a juíza Renata Rosa, da 1ª Vara de Família, entendeu que houve rompimento do vínculo socioafetivo entre pai e filho.

"Pelo estudo realizado, nesse momento, não é possível a retomada da visita presencial, da forma estabelecida anteriormente, o que causaria ao menor sofrimento, mas também não pode ser afastada indefinidamente, pois o convívio com o pai, e família paterna extensa, é importante para o desenvolvimento saudável do menor. O pai deve fazer parte da história de vida do filho, com ele construindo vínculos afetivos ", diz um trecho da sentença.

Para o advogado Flávio Luiz Zeoti, que atua em ações de Direito de Família em Ribeirão Preto, a decisão é um procedente importante momento em que se discute a presença de crianças nas redes sociais.

"A exposição de crianças na Internet é um problema, ainda mais se for feita de forma vexatória. Os pais precisam ser responsabilizados quando isso acontece", comentou.

Pela sentença, a convivência entre o genitor e a criança será realizada por meio de videochamadas, realizadas três vezes por semana. Após o período de um ano, a convivência poderá ser ampliada, permitindo que o menino passe férias com o pai.