Porsche e Fusca

À primeira vista, nada parece aproximar o robusto e popular Fusca do sofisticado e veloz Porsche. Um nasceu para ser o carro do povo; o outro, símbolo mundial de esportividade e status. Porém, a história da indústria automotiva guarda uma curiosidade que surpreende até quem já é apaixonado por carros: o Fusca e os primeiros Porsche são parentes próximos.

, atualizado

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A explicação está em um nome que se repete nos dois mundos: Ferdinand Porsche. Muito antes de sua marca fabricar máquinas que desfilariam pelas pistas e estradas com potência e elegância, o engenheiro austríaco foi responsável por criar um automóvel simples, econômico e resistente para a Alemanha dos anos 1930. Ele foi o cérebro por trás do Volkswagen que seria produzido em larga escala, o carro que o mundo viria a conhecer como Fusca.

Daí nasce o elo. O Fusca foi projetado com características que fugiam ao padrão da época: motor traseiro, refrigeração a ar e construção simplificada. Nada ali era por acaso. O objetivo era entregar um carro confiável, de manutenção barata e capaz de enfrentar longas jornadas. A fórmula funcionou tão bem que atravessou décadas e fronteiras.

Quando Ferdinand Porsche lançou seu primeiro carro sob sua própria marca, o Porsche 356, no pós-guerra, levou consigo parte do conhecimento adquirido no Fusca. Não à toa, o 356 também tinha motor traseiro, refrigeração a ar e até utilizava peças derivadas do Volkswagen em seus primeiros anos de produção. Era como se o Fusca tivesse ganhado versão esportiva, leve e preparada para correr.

O conceito seguiu adiante. Quando o lendário Porsche 911 surgiu, manteve a mesma filosofia: motor na traseira e o ronco característico do boxer refrigerado a ar. Os puristas da marca costumavam brincar que o 911 era uma evolução do Fusca — mais rápida, mais tecnológica, porém construída sobre o mesmo princípio que Ferdinand havia idealizado décadas antes.

Com o tempo, um tomou rumos opostos ao outro: o Fusca virou um fenômeno cultural, acessível e querido em todos os continentes; o Porsche se tornou objeto de desejo e desempenho. Mas ambos carregam a mesma assinatura. Um nasceu para o povo. O outro, para a elite da engenharia automobilística. Dois extremos ligados pela mesma mente brilhante.

É curioso pensar que, se um dia você cruzar com um Porsche 911 acelerando forte ou com um Fusca estacionado na praça da cidade, estará diante de dois capítulos de uma história que começou no mesmo papel de desenho, na mesa do mesmo engenheiro.

No universo dos automóveis, poucas ligações são tão improváveis quanto essa — e justamente por isso, tão fascinantes. para mais histórias como essa siga: @autofocorp