Aston Martin DB5
Alguns carros nascem para as ruas. Outros, para as pistas. Mas há um raríssimo grupo que nasce para a eternidade — e o Aston Martin DB5 é um deles. Elegante como um lorde britânico e ousado como um agente secreto, esse cupê transformou-se em uma lenda.
, atualizado
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Antes de se tornar "o carro do 007", o DB5 já era considerado uma obra-prima da engenharia inglesa. Desenvolvido pela Aston Martin como sucessor do DB4, trazia um motor 4.0 litros de seis cilindros em linha, alimentado por três carburadores SU, capaz de entregar 282 cavalos de potência — desempenho impressionante para a época. Segundo os testes da revista Autocar, acelerava de 0 a 100 km/h em pouco mais de 7 segundos e chegava aos 233 km/h. Nada mal para um cavalheiro de quase 1,5 tonelada, vestido com couro Connolly e painel em madeira polida.
O câmbio era manual de cinco marchas, fornecido pela alemã ZF — embora alguns compradores mais "relaxados" optassem pelo câmbio automático de três marchas. O chassi utilizava estrutura tubular com carroceria feita em alumínio e aço, uma combinação pouco comum para carros de produção, o que contribuía para a leveza. Suspensões independentes na dianteira, eixo rígido na traseira e freios a disco nas quatro rodas garantiam comportamento firme, embora o DB5 nunca tenha sido exatamente um carro para curvas agressivas — ele preferia conquistar pelo estilo, não pela imprudência.
Mas foi em 1964, no filme Goldfinger, que o destino do DB5 mudou para sempre. A produção da série James Bond procurava um carro que representasse luxo britânico com esportividade. A Aston Martin inicialmente hesitou em emprestar os veículos, mas acabou cedendo dois exemplares — um para cenas estáticas, outro modificado para as sequências de ação. A partir daí, nasceu o mito.
Graças às invenções do fictício departamento Q, o DB5 ganhou apetrechos que fariam inveja a qualquer exército moderno: metralhadoras escondidas nos faróis, placas giratórias, lança-óleo, escudo à prova de balas, rastreador no painel e até o lendário banco ejetor do passageiro. Em vez de apenas aparecer, o carro roubou a cena.
O público foi ao delírio. A Aston Martin, que produzia artesanalmente cerca de mil unidades por ano, mal conseguiu atender à demanda. Os executivos ficaram tão impressionados com o retorno que decidiram repetir a parceria nos filmes seguintes. E mesmo décadas depois, o DB5 continua reaparecendo nas telas — esteve ao lado de Pierce Brosnan e Daniel Craig, incluindo aparições recentes em Skyfall e Sem Tempo Para Morrer. O carro envelheceu, mas o charme, jamais.
Hoje, possuir um DB5 original é privilégio de poucos colecionadores. Em leilões internacionais, um exemplar autêntico usado nas gravações já ultrapassou a marca de 6 milhões de dólares. Em 2020, a própria Aston Martin produziu 25 unidades novas, com todos os gadgets funcionais, vendidas por mais de 3 milhões cada. Detalhe: o banco ejetor continua lá — só não vem com munição real.
Mais do que um automóvel, o Aston Martin DB5 é uma prova de que design, tecnologia e carisma podem transformar metal em mito. Alguns carros transportam pessoas. Outros transportam histórias. Este aqui transporta imaginação. para mais histórias como essa siga @autofocorp