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Quando a Fiat decidiu desembarcar no Brasil, lá nos anos 1970, o cenário era curioso. O Fusca reinava absoluto, os carros nacionais eram grandalhões e beberrões, e ninguém imaginava que um carrinho pequeno, de linhas retas e porta-malas acessado por uma tampa traseira, poderia balançar esse reinado. Pois foi exatamente isso que aconteceu em 1976, quando nasceu o Fiat 147, o primeiro carro produzido pela marca em Betim (MG).
De cara, o 147 tinha algumas cartas na manga. Era compacto, econômico e oferecia soluções que pareciam futuristas para o motorista brasileiro, acostumado com os caprichos do Fusquinha. O simples fato de poder colocar as compras no porta-malas sem ter que abrir o capô dianteiro já era uma revolução.
Mas como todo pioneiro, o 147 também colecionou polêmicas. Logo ganhou a fama de "não subir ladeira", principalmente nas versões 1.0, que exigiam paciência de quem vivia em cidades cheias de morros. O espaço interno também era enxuto, e a manutenção, diferente do que os mecânicos estavam acostumados, deixava muita gente com o pé atrás.
Mesmo assim, foi com ele que a Fiat ousou e fez história: em 1979, o 147 se tornou o primeiro carro do mundo produzido em série a rodar com álcool. Um feito e tanto, que mostrava como o Brasil podia ser laboratório de inovação automotiva.
Aos poucos, surgiram versões mais potentes, esportivas e até utilitárias. Quem não se lembra da perua Panorama, da picapinha City ou da Fiorino, que nasceu desse projeto e segue viva até hoje? O 147 pode ter sido alvo de piadas, mas também abriu caminho para o que viria depois: Uno, Palio, Toro e toda a linha que fez da Fiat líder no país.
Hoje, mais de quatro décadas depois, o Fiat 147 virou peça de coleção. É visto com carinho, como aquele amigo que podia ter seus defeitos, mas foi importante para abrir novas portas. Um carrinho que mostrou que tamanho não é documento — e que, de certa forma, ajudou a mudar a cara das ruas brasileiras.147 para mais histórias como essa siga: @autofocorp