O projeto Lobini
No início dos anos 2000, quando falar em carro esportivo nacional parecia um devaneio, nasceu em Indaiatuba (SP) o Lobini H1. O projeto foi idealizado pelo engenheiro José Orlando Lobo e pelo empresário Fábio Birolini - daí o nome: Lobo Birolini.
, atualizado
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A proposta era simples na essência e ousada no resultado: criar um roadster genuinamente brasileiro, de linhas marcantes e desempenho capaz de rivalizar com modelos importados.
A receita técnica tinha fundamento. O H1 usava chassi tubular, carroceria em fibra de vidro e o conhecido motor 1.8 turbo da Volkswagen/Audi, preparado para entregar até 180 cv. Era a mesma base mecânica que equipava o Golf GTI e o Audi TT da época, garantindo confiabilidade e performance. Com pouco mais de uma tonelada, o Lobini acelerava de 0 a 100 km/h em cerca de 6,5 segundos e atingia velocidade máxima superior a 225 km/h. Números respeitáveis para qualquer esportivo, ainda mais se considerarmos sua origem artesanal.
Mas mais do que desempenho, o Lobini se destacava pelo design arrojado. Baixo, largo e com dianteira agressiva, tinha proporções de carro europeu. O interior, ainda que simples, oferecia acabamento honesto e a sensação de estar a bordo de algo exclusivo. Era um carro feito para apaixonados, não para o consumo de massa.
O projeto chamou atenção no Salão do Automóvel de São Paulo de 2000, onde o protótipo foi apresentado. Em 2005, a produção passou às mãos da Braxx Automóveis, mas o sonho não durou muito. Problemas de escala, custos elevados e a falta de estrutura para competir com importados acabaram limitando a trajetória. Estima-se que menos de 50 unidades tenham sido produzidas.
Hoje, o Lobini é visto quase como uma lenda. Uma raridade que circula ocasionalmente em encontros de colecionadores e que desperta olhares curiosos. Para além das poucas unidades fabricadas, ele representa algo maior: a prova de que o Brasil também pode criar carros esportivos de verdade, mesmo em um ambiente tão hostil a iniciativas independentes.
O Lobini é lembrado como um símbolo de ousadia em um país onde a indústria automobilística raramente arrisca sair da cartilha do mercado. Mais do que um carro, ele é um manifesto: mostra que a criatividade e a coragem existem, mas dependem de visão e apoio para não se perderem pelo caminho.
Talvez por isso o Lobini se emocione tanto. Ele não foi apenas um projeto automotivo - foi um sonho sobre rodas. Um sonho que, mesmo breve, mostrou que vale a pena acreditar em algo diferente. Para mais história como essa siga: @autofocorp