Suicídio: uma epidemia silenciosa

Desde 2015 - ano em que foi lançada a campanha Setembro Amarelo no Brasil - as mortes por suicídio, não apenas continuaram a aumentar, mas apresentaram forte aceleração no crescimento. Os pesquisadores do DataSUS, órgão do Ministério da Saúde, analisaram as mortes entre 2000 e 2019.

, atualizado

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Neste período, foram 195.047 casos, representando um aumento de 57%. Em 2023, foram 16.262, uma média de 45 vidas perdidas por dia. E o mais lamentável: pelo menos metade são jovens e em idade economicamente produtiva - uma perda devastadora para as famílias,sociedade e o país.

Como exemplo deste cenário, aponto minha profunda preocupação com a saúde mental dos funcionários da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. NESTE ANO, nos deparamos com duas mortes suspeitas dentro do próprio ambiente de trabalho, o que é extremamente alarmante.

1º de julho: Dona Cris, auxiliar de serviços gerais, foi encontrada morta no banheiro.

10 de julho: Dra. Claudia, psicóloga com mestrado e cursando doutorado da USP, com vários projetos na área da saúde mental. Claudia já havia publicado três livros sobre o tema, inclusive traduzido para outros idiomas e estava no auge de sua carreira. Ironicamente, suas publicações tratavam sobre prevenção do suicídio. Recentemente idealizou um Instituto para salvar vidas e ainda criou diversos projetos para ajudar jovens na prevenção desse ato trágico. Claudia faleceu após se atirar do 12º andar do prédio da Secretaria de Saúde de São Paulo.

É fundamental que sejam adotadas medidas pontuais e políticas públicas para apoiar a saúde mental em todos os segmentos da sociedade em órgãos públicos, privados e, principalmente, nas residências, onde muitas vezes as pessoas não têm como dividir suas angústias e depressões, o que pode agravar a dor e o sentimento de abandono cotidiano.

A campanha "Setembro Amarelo", de conscientização sobre a prevenção ao suicídio, surgiu inspirada em um evento trágico nos Estados Unidos em 1994. Um jovem de 17 anos, Mike Emme, tirou a própria vida, e sua paixão por um Ford Mustang 68 amarelo o tornou conhecido como "Mustang Mike". No funeral, amigos e familiares distribuíram cartões com fitas amarelas, que se tornaram símbolo da campanha. Mike não sofria com bullying, pertencia uma família estável, de classe média alta, era popular na sua escola e, apesar de adolescente, já possuía um Mustang amarelo, Não se enquadrava em nenhum 'grupo de risco', não carregava grandes traumas, não consumia substâncias ilícitas, não apresentava nenhum problema psicológico/psiquiátrico.

Tornei-me ativista pela vida depois de ver meu filho, Diego Wendell de 24 anos, ceifar seu futuro promissor pelas portas do suicídio. Uma dor tão profunda que não consigo descrever em palavras. Só as famílias tocadas por esse drama sabem a que me refiro. A faixa mais afetada por esse mal se dá entre jovens entre 15 a 29 anos. Exatamente a faixa etária do meu filho, Diego, à época.

Estamos diante de um grande desafio, de uma batalha: a luta em defesa da vida! Abracemos essa causa mais do que digna. Acabar com a Epidemia Silenciosa!!!

*empresária e Ativista Pró-vida