Inveja: mãe de todos os pecados e arma de Lúcifer

A inveja não é sentimento secundário, mas o vício primordial da alma — tristeza maligna e niilista pelo bem alheio, desejando que o outro o perca, mesmo sem ganho próprio.

, atualizado

Compartilhar notícia

Essa definição, empiricamente superior à visão que subordina a inveja à soberba (Agostinho e São Tomás de Aquino na Suma Teológica a veem como consequência do amor desordenado por si), revela-se autônoma e devastadora: opera sem orgulho prévio, movida por ressentimento puro.

Na Escritura, surge nos primeiros pecados. Caim mata Abel por inveja explícita (Gênesis 4; 1 João 3:12): não tolera a aceitação divina do irmão. Não ganha nada — apenas elimina o "superior".

No Éden, Adão e Eva invejam a prerrogativa exclusiva de Deus: o conhecimento do bem e do mal. A serpente explora ("sereis como Deus"), levando a ato autodestrutivo. O "fruto proibido" é metáfora (não maçã literal), representando recusa da ordem hierárquica.

Na origem celestial, Lúcifer rebela-se por inveja niilista (Isaías 14; Ezequiel 28): não suporta a exclusividade divina, querendo o trono para que Deus não o detenha unicamente. Sua revolta é irracional — sabe da onipotência —, mas prefere ruína eterna.

Torna-se instigador supremo da inveja, usando-a para captar almas: onde germina ressentimento infundado, brota vingança por causas inexistentes.

Essa dinâmica escala em revoluções. Na Francesa, o Terror nasce de denúncias contra aristocratas: vizinhos regozijam-se com guilhotinas sem benefício próprio. Na Russa, dekulakização extermina prósperos por delações invejosas. Na Cultural Chinesa, destroem-se intelectuais por desejo de eliminar superioridade. Nietzsche chama "ressentiment": moral de escravos que inverte valores para justificar vingança.

O marxismo seculariza essa arma: inventa exploração numa troca voluntária ("mais-valia"), fomentando ódio de classes. Regimes marxistas institucionalizam denúncias niilistas, nivelando todos na miséria — eco de Caim e do demônio.

Na pandemia, lockdowns geraram delações semelhantes: vizinhos denunciavam quem trabalhava, apenas para que o outro perdesse liberdade.

No cotidiano, manifesta-se cruelmente. Meu amigo, em bairro pobre, progride honestamente: imóveis, empresa familiar. Vizinhos espalham fofocas. Uma das fofoqueiras causa acidente grave: acelera ao invés de frear, arrasta-o 50 metros, agravando fraturas.

Ele percebe o maligno preparando isso via inveja coletiva, sondando fraquezas para mantê-lo na escassez. Orientei: mude-se — "o que os olhos não veem, o coração não sente" —, fugindo de provocações a vinganças infundadas. O contraponto surge na Doutrina Social da Igreja. Tomás de Aquino vê riqueza como bem instrumental: útil para sustento, virtude e liberalidade, subordinada ao bem comum.

Bento XVI (Caritas in Veritate) afirma: lucro é legítimo como sinal de saúde econômica, mas exclusivo torna-se nocivo — destrói riqueza, gera pobreza.

Intuição semelhante à Teoria dos Jogos, de John Nash: egoísmo puro leva a soma-zero (crises, inveja, revoluções); orientação ao bem comum, com gratuidade e reciprocidade, cria soma positiva — riqueza sustentável para todos. A função social da propriedade, raiz tomista do destino universal dos bens, exige equilíbrio: proprietário beneficia-se plenamente do fruto de seu trabalho (direito natural), mas bens criados por Deus devem beneficiar a todos.

Propriedade privada é indispensável à liberdade e sempre é a soma dos sacrifícios de alguém, mas carrega outras responsabilidades: usar o supérfluo para ajudar os necessitados, reinvestir justamente, criar empregos, gerar renda. Não é punição, mas ordenação à caridade: o rico administra bens que a Providência Divina lhe incumbiu. E imediata "Parábola dos Talentos" posta à prova.

No Brasil, a Constituição Federal (arts. 5º e 170) incorpora isso: garante propriedade como direito fundamental, condicionada à função social para justiça sem abolir benefício individual.

Todavia, Marxistas e progressistas a deturpam: elevam "bem comum" a absoluto, excluindo o direito do proprietário — justificam invasões, ódio ao rico como explorador, repetindo a inveja luciferina com máscara de justiça social.Lúcifer emprega a inveja em todas escalas — espiritual, pessoal, coletiva — para instigar vingança por causas inexistentes, captando almas no inferno eterno.Reconhecer sua ação, e rejeitar seus frutos, é o caminho da verdadeira liberdade.

*é advogado