Caso Bigodini: a resposta que a sociedade esperava

, atualizado

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O Ministério Público de São Paulo acertou ao oferecer denúncia contra o vereador Bigodini (MDB) pelos crimes cometidos quando dirigiu embriagado, colocando vidas em risco e manchando a responsabilidade institucional que deveria representar. A decisão do MP não é apenas um ato jurídico: é um gesto de respeito à sociedade, à lei e ao próprio princípio republicano de que ninguém está acima das regras — nem mesmo quem legisla sobre elas.

O caso é conhecido. Como revelado repercutido por toda a imprensa, inclusive o Jornal Ribeirão, Bigodini foi flagrado em estado evidente de embriaguez após causar acidentes, apresentar comportamento incompatível com o que se espera de um agente público e ainda protagonizar cenas que, em qualquer outro cidadão, resultariam em condução imediata à delegacia e responsabilização exemplar.

O que se viu, porém, foi uma sequência de omissões, hesitações e tentativas de blindagem institucional.

A decisão do MP em não oferecer acordo de não persucução penal, opção analisada pela instituição e revelada com exclusividade pelo Jornal Ribeirão, merece, portanto, comemoração.

A denúncia do MP quebra esse ciclo de "passadas de pano", o quem por si só, é um notícia alvissareira, e sinaliza que, pelo menos no que tange à ação ministerial e da Polícia Civil, o caso teve a atenção e o cuidado que merecia.

É um contraponto necessário à postura da Câmara Municipal, que preferiu "resolver internamente" e aplicou a punição mais conveniente — e não a mais justa: suspender o vereador por 180 dias, como se a gravidade dos fatos pudesse ser tratada com afastamento temporário e silêncio protocolar.

O contraste é gritante:

Enquanto o Ministério Público cumpre seu papel constitucional, a Câmara se esconde atrás de um corporativismo que já deveria ter sido superado. O Legislativo perdeu a chance de afirmar sua responsabilidade moral diante do cidadão. Optou, mais uma vez, pelo caminho fácil.

Agora, cabe ao Judiciário julgar o caso com isenção e firmeza, garantindo que a lei seja aplicada com o rigor devido. E cabe também que se investigue a conduta dos policiais militares envolvidos na ocorrência, que omitiram na documentação oficial o estado evidente do vereador — um apagamento inaceitável, que precisa ser apurado e corrigido.

A sociedade espera instituições que ajam com coragem. Neste episódio, o Ministério Público honrou essa expectativa. Que a Justiça complete o trabalho — e que o Legislativo aprenda, enfim, a fazer o seu.