Deputados Sevandijas?!
Se o Ministério Público, o GAECO, a Polícia Federal e a Justiça dependessem de autorização para investigar os envolvidos, certamente a Operação Sevandija não teria tido o êxito que obtivemos.
, atualizado
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Se o Ministério Público, o GAECO, a Polícia Federal e a Justiça dependessem de autorização para investigar os envolvidos, certamente a Operação Sevandija não teria tido o êxito que obtivemos.
O Brasil todo soube dos roubos que a organização criminosa produziu aqui em nossa cidade, desvios da ordem de R$ 200 milhões, números próximos dos apurados nas fases da Operação Lavajato, no Estado do Rio de Janeiro. Anos de trabalho para recompormos o quanto nos foi roubado e creio que não foi tudo, porque corrupto sempre tem laranja, as vezes "laranjal", com quem camufla o que nos tomam. Também porque nem sempre conseguimos materializar com provas, todos os indícios trazidos ao processo. Ladrão esconde rapina.
O ribeirão-pretano entenderá facilmente a trapaça que os deputados federais estão aprontando para cima dos brasileiros que realmente trabalham.
Imagine se os vereadores flagrados nas escutas telefônicas tivessem que autorizar a Justiça a quebrar o sigilo telefônico, que, no caso, eram os deles mesmos. Claro que não! Pois é isso também que os deputados estão tentando aprontar. Tentando, porque as inconstitucionalidades serão atacadas, caso o Senado não barre essa verdadeira excrescência.
As investigações revelaram compra de apoio parlamentar, oferecendo cargos na administração municipal para apadrinhados de vereadores e propina em dinheiro vivo, paga a estes, por empresários vencedores de licitações viciadas.
A força-tarefa da Operação Sevandija desbaratou essa organização criminosa sediada na Prefeitura e na Câmara de Vereadores de Ribeirão Preto.
Indícios haviam, mas precisavam ser apurados nos inquéritos que os revelaram em provas robustas, tanto naqueles conduzidos pela força- tarefa quanto nos Inquéritos Parlamentares, CPIs, que presidi, todos encaminhados às autoridades em forma de denúncias oficialmente assinadas.
Ora, ora o que queriam os nobres deputados?! Que as forças policiais, o Ministério Público, os Tribunais de Contas ou qualquer autoridade constitucionalmente investida de poder para investigar crimes e desvios, ao tomarem conhecimento de indícios, pedissem autorização para investigar a eles próprios! Sim, foi inacreditável a desfaçatez de terem aprovado isso.
E queriam estender a impunidade aos presidentes de partidos!
Enquanto escrevo esse artigo, somos informados que o presidente do União Brasil está sendo investigado, segundo denúncias, por ser dono de aviões usados por organização criminosa. O mensaleiro Valdemar Costa Neto só foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro porque as investigações provaram. Idem para João Vaccari Neto, então tesoureiro do PT.
Investigações provaram que membros de organização criminosa dirigiam o PRTB de Pablo Marçal, na capital paulista.
Os deputados desses partidos, regados com milhões do indecoroso e bilionário Fundão Partidário teriam autorizado essas imprescindíveis investigações? Claro que não!
Coube ao Senado da República, também pressionado por gigantesca movimentação popular que tomou as ruas do Brasil inteiro, assumir suas responsabilidades parlamentares e enterrar esse verdadeiro absurdo, poupando nossa Suprema Corte da necessidade de fazê-lo.
Esses malandros travestidos de políticos enganaram a muitos por algum tempo, mas não conseguiram enganar a todos por muito tempo.
A sociedade lhes gritou um sonoro basta!
* Marcos Papa é Empreendedor Social. Foi parlamentar por três legislaturas em Ribeirão.