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A administração Ricardo Silva (PSD) entra no último mês de seu primeiro ano com um problema crônico à mostra: a incapacidade de lidar com licitações dentro dos prazos necessários para garantir o funcionamento regular dos serviços públicos.
O discurso de eficiência, repetido ao longo da campanha e retomado depois da posse, esbarra num cenário de processos emperrados, revogações inesperadas e entregas atrasadas que impactam diretamente a população. Fazer contas e cuidar com antecedência de problemas gerados por eventos já conhecidos, como o frio de julho, as chuvas de março ou o calor excessivo de dezembro, parece ser um calcanhar de Aquiles da "nova" gestão..
O caso dos uniformes de inverno é exemplar. A licitação começou ainda na gestão passada, mas atravessou o início do novo governo sem solução e resultou numa entrega que só ocorreu quando o inverno já tinha praticamente acabado. Para milhares de famílias, o episódio foi mais do que um tropeço burocrático: foi a materialização da desorganização administrativa que o governo prometera superar.
A área de comunicação também sofreu com a falta de planejamento. O processo de contratação da agência de publicidade foi simplesmente revogado, deixando o município mais de sete meses sem o serviço — um lapso inaceitável para qualquer gestão que pretenda ter transparência ativa, informar a população e organizar campanhas públicas de interesse coletivo. A nova licitação até hoje não foi concluída.
Vale dizer que nesse período o governo implementou uma série de mudanças muito relevantes, como a adoção de consultas online e a marcação de especialistas por aplicativo, que acabaram não sendo divulgadas a contento. A nova licitação ainda está em fase de recurso e deve demorar pelo menos mais cinco meses - em previsão otimista.
Outra promessa que se esfarelou diante da morosidade administrativa foi a transformação da UBDS Central em UPA. Ricardo Silva afirmou que isso ocorreria "nos primeiros dias de governo". Porém, a licitação só foi aberta nos últimos dias de novembro — quase um ano depois da posse — e sequer tem data para terminar. O contraste com a promessa inicial dispensa maiores comentários.
É verdade que o primeiro ano de mandato costuma ser mais complexo. O prefeito herda contratos da gestão anterior, precisa reorganizar equipes e estabelecer prioridades enquanto o governo ainda se acomoda. Mas isso não elimina a necessidade de planejamento político e técnico com antecedência. Governar é prever cenários, garantir continuidade de serviços e evitar que a cidade pare por falta de processos simples que poderiam ter sido conduzidos com mais rigor.
O governo Ricardo Silva precisa ajustar a engrenagem das licitações se quiser cumprir compromissos e assegurar que Ribeirão Preto não seja refém de atrasos, lapsos administrativos e improvisações. A rotina da cidade depende disso — e a paciência da população tem limites.