A Educação de Ribeirão em Rota de Retrocesso

, atualizado

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Ribeirão Preto é uma cidade rica, com um orçamento que deveria ser sinônimo de excelência em seus serviços públicos. No entanto, quando o assunto é a Educação Básica municipal, o que vemos é uma crônica de oportunidades perdidas, má gestão de recursos e, o que é pior, sinais de um perigoso retrocesso.

A notícia desta semana sobre a possível diminuição na carga horária de aulas de Inglês e Artes na grade curricular da rede municipal é um exemplo alarmante. Em um mundo cada vez mais conectado, onde a fluência em outro idioma e o desenvolvimento do pensamento crítico e da criatividade - essenciais nas aulas de Arte - são pilares para o futuro, a Prefeitura sinaliza um corte que não é apenas orçamentário, mas pedagógico e social. É um passo para trás no projeto de formação integral dos nossos estudantes.

O problema, contudo, está longe de ser isolado. O cerne da crise na educação de Ribeirão Preto reside em um desmonte silencioso da qualidade e do respeito dentro do ambiente escolar.

Os leitores do Jornal Ribeirão têm acompanhado, nos últimos meses, um histórico de polêmicas lamentáveis que jogam luz sobre a deterioração do clima interno. Tivemos casos chocantes, como a condenação de profissionais da educação por injúria racial, manchando a instituição que deveria ser o pilar da diversidade e do respeito. E, no que talvez seja o retrato mais cruel da desumanização do ambiente, vieram à tona denúncias de alunos que chegavam a urinar nas calças em sala de aula por medo ou por posturas abusivas de profissionais, revelando um ambiente de profunda insegurança e autoritarismo.

Esses escândalos são mais do que notas de rodapé; são sintomas de uma gestão falha que permite que o corpo docente e discente seja atingido por descaso e violência moral.

A consequência de todo esse quadro — o retrocesso curricular, a má gestão de recursos e a crise de ambiente nas escolas — está friamente registrada nos dados oficiais. Nos últimos anos, apesar de um ou outro avanço pontual, os índices de desempenho da Educação Básica (como o Ideb) da rede municipal de Ribeirão Preto têm refletido essa realidade.

A cidade, que já foi destaque nacional em anos anteriores, agora se vê estagnada ou, em algumas avaliações, na "lanterna" quando comparada a municípios paulistas de porte semelhante. O dinheiro existe, a estrutura é rica, mas a forma como os recursos são aplicados é carente de foco, estratégia e, principalmente, de visão de futuro.

É inaceitável que o futuro das crianças de Ribeirão Preto seja colocado em xeque por decisões equivocadas no presente. Chegou a hora de a administração pública encarar a realidade: más notícias rondam a Educação e a população espera mais.

A gestão atual precisa abandonar os cortes equivocados, sanar as feridas internas e, acima de tudo, investir com inteligência, estratégia e prioridade naquilo que realmente transforma: a qualidade de ensino e o bem-estar da comunidade escolar.

É urgente. Ribeirão Preto precisa de uma mudança de rota na Educação.