'A falta de mão de obra é explícita'

Diretor regional da Apas (Associação Paulista de Supermercados) em Ribeirão Preto, José Carlos Rinaldi, relata dificuldade do setor em preencher 3,5 mil vagas em 80 cidades

, atualizado

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Os supermercados instalados nas 80 cidades que compõem a diretoria regional da Apas (Associação Paulista de Supermercados) em Ribeirão Preto enfrentam dificuldades para preencher pelo menos 3,5 mil vagas em diferentes funções. A afirmação é do diretor José Carlos Rinaldi, em entrevista ao Jornal Ribeirão.

O bate-papo ocorreu na véspera do Apas Experiente, promovido pela entidade no Taiwan Centro de Eventos, e que terá a presença do presidente da associação, Erlon Carlos Godoy Ortega. Entre os destaques da programação, está um painel de dados sobre o setor. Os 2.066 estabelecimentos associados empregam hoje 49.500 pessoas e representam 5,7% do faturamento do varejo paulista.

Rinaldi falou também sobre a inflação dos alimentos, que afetou o consumo das famílias no início deste ano, e o resultado esperado pelo setor em 2025.

Jornal Ribeirão: O setor supermercadista na capital tem sofrido com a falta de mão de obra. Esse cenário se repete na região de Ribeirão Preto?

Rinaldi: Muito! A falta de mão de obra é explícita. Nós temos muitas vagas em aberto - são cerca de 3,5 mil, segundo o nosso departamento de economia - em virtude das mudanças no mercado de trabalho e estamos nos adaptando. O setor está crescendo e demandando gente. O agro e a indústria conseguiram automatizar muitas funções, mas o público que vai ao supermercado gosta de ser atendido pelo padeiro, pelo açougueiro. A automação está chegando, mas o supermercado não conseguiu reduzir o número de pessoas necessárias para uma operação. A Apas apoia o setor, através da nossa escola que ajuda na formação e retenção de talentos, e estamos fazendo outras ações, como os feirões de emprego e a inclusão da população com mais de cinquenta anos.

O início deste ano foi marcado por uma forte inflação de alimentos. Essa alta nos preços afetou o desempenho do setor?

Em virtude do tarifaço americano sobre o Brasil, alguns produtos já estão com preços em queda. É o caso do café, por exemplo. A carne era para ter caído mais e o agro, que na nossa região é muito forte, trouxe estabilidade a outros preços. O mercado está acomodado. O que estava planejado, continua. Abertura de loja, expansão. Isso está garantido. O que afeta é o consumidor. Ele muda de marcas, deixa de comprar certo produto e muda a cesta dele. Conforme as coisas vão se assentando - a renda melhora um pouco ou os preços caem - e a normalidade é reestabelecida. Mas isso não afeta as projeções para o setor. Não adianta se desesperar quando está negativo, nem se entusiasmar quando tá positivo.

E quais são essas projeções para o setor na região?

Nossa projeção anual é para a regional de Ribeirão Preto é de um crescimento de 6% este ano. Baseado num agro, que sempre está forte, e num comércio mais aquecido, além do desemprego em queda. Esses fatores têm contribuído para essa projeção.

Como a Apas avalia a expansão de redes de Ribeirão para outras regiões do Estado e o movimento contrário, em que bandeiras tradicionais em outras cidades estão implantando lojas por aqui?

A região de Ribeirão é muito promissora, o que atrai olhares. O Brasil não tem uma concentração de mercado em grandes redes. Existem redes fortes, mas o mercado de bairro ainda é importante nesse segmento. Como os que estão aqui vão pegando a (rodovia) Anhanguera até chegar em São Paulo, os de lá vem também, automaticamente. Isso é bom para o consumidor e para o setor. É crescimento. Ninguém toma de ninguém. Cada um tem que administrar o seu e o consumidor ganha experiência. A concorrência é sempre salutar.

O senhor falou um pouco sobre automação. O Self Checkout foi uma tendência que varreu o mercado. Hoje, praticamente todas as grandes lojas têm o serviço. Qual será a próxima tendência a fazer o mesmo?

O Self Checkout ainda vai crescer muito. Hoje, são quatro máquinas e 30 caixas tradicionais. Na Europa, é o contrário. Vai crescer muito, porque está aprimorando e as pessoas estão se acostumando. O próximo passo que está vindo deve ser as lojas totalmente autônomas. Você pega o seu carrinho, entra e tudo o que você põe ali dentro vai sendo computado e depois você passa, vai embora e é debitado no seu cartão. É uma tendência, que vai crescer muito. Está no radar de todos nós!