Indústria farmacêutica deve superar R$ 220 bilhões em movimentações
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A indústria farmacêutica no Brasil segue em ritmo de expansão. Em 2023, a venda de medicamentos movimentou R$142,4 bilhões, segundo a Sindusfarma, após uma alta de quase 17% em relação a 2022. Já em 2024, o varejo ultrapassou a marca de R$220,9 bilhões em faturamento, de acordo com a IQVIA. As projeções indicam avanço de 12,1% em 2025 e de 10,6% em 2026, consolidando o país entre os dez maiores mercados do mundo.
Segundo Rafael Appel, farmacêutico e diretor científico da Dr. Fisiologia — startup incubada no SUPERA Parque de Ribeirão Preto — os números traduzem mais que dinamismo econômico. “O Brasil vive um ciclo consistente de expansão farmacêutica. Os dados mostram a força do setor, mas também revelam mudanças profundas em inovação, consumo e acesso à saúde.”
O setor privado deve injetar cerca de R$16 bilhões no setor até 2026, sendo R$7,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento e R$8,5 bilhões em novas fábricas e equipamentos, segundo a InvestSP. No mesmo período, a política industrial “Nova Indústria Brasil” prevê R$300 bilhões em aportes no setor industrial e a meta de garantir que 70% dos medicamentos e vacinas consumidos no país sejam produzidos nacionalmente. “Esse esforço representa um passo estratégico, reduzindo a dependência de importações e fortalecendo o Complexo Econômico-Industrial da Saúde. É um movimento que gera impacto econômico, científico e social”, analisa Appel.
Mercado interno e consumo
O avanço também se reflete na base de consumo. Enquanto no Brasil existe uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para cada 4.430, há uma farmácia para cada 2.282 habitantes. Em 2024, o varejo farmacêutico registrou faturamento recorde de R$220,9 bilhões, com crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior. No mesmo período, os medicamentos genéricos movimentaram R$20,4 bilhões, representando 43% de todos os produtos comercializados no país, segundo a Abrafarma.
“O peso do varejo e o avanço dos genéricos mostram como a farmácia se consolidou como um espaço de cuidado. Isso amplia o acesso, mas também coloca desafios para integração do setor ao sistema de saúde”, afirma Appel.
No campo das vacinas, o Ministério da Saúde distribui anualmente cerca de 300 milhões de doses, mas 90% da matéria-prima ainda é importada. Apenas 15 fábricas de Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAs) operam no país, com a Fiocruz e o Instituto Butantã concentrando a produção. A dependência externa segue como gargalo estratégico, mesmo diante de investimentos crescentes em ciência e tecnologia.
Além disso, mudanças de comportamento ampliam mercados relacionados ao bem-estar. Entre 2024 e 2025, as vendas de suplementos cresceram 37%, segundo a Abradilan, e o segmento de produtos para sono deve movimentar US$3,6 bilhões até 2030, impulsionado pela busca por saúde preventiva e qualidade de vida.
Inovação e futuro
A inovação tecnológica é outro motor do setor. Dados da Abradilan mostram que 55% das farmacêuticas brasileiras já utilizam inteligência artificial para desenvolvimento de produtos e serviços, enquanto 33% aplicam a tecnologia na análise de doenças. “A expectativa é que a inteligência artificial seja determinante para acelerar pesquisas, reduzir custos e aproximar os tratamentos”, conclui Appel.
Os dados fazem parte do e-book Tendências da Indústria Farmacêutica no Brasil 2026, produzido pela Dr. Fisiologia. O material reúne informações de entidades como Sindusfarma, Abrafarma, IQVIA, Ministério da Saúde e consultorias internacionais, e está disponível gratuitamente para download