ENTRELINHAS DOS PODERES

, atualizado

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PALCO PARA CONFUSÃO

O tema Marista virou palco para confusão desde que o prefeito Ricardo Silva (PSD) anunciou a permuta com área da Prefeitura e, depois disso, pouco falou e menos ainda agiu. A oposição se apropriou do tema, castigando o Projeto de Lei, enquanto vereadores da base seguem sem informação mínima para defender a proposta. O PL não foi retirado de pauta, embora precise, no mínimo, ser reeditado, sem condições políticas e técnicas de ir a plenário — o que estica o assunto e alimenta o discurso oposicionista.

E O OSCAR VAI PARA...

O Projeto Marista é conduzido pelo vice-prefeito Alexandre Maraca (MDB). Nos bastidores, os cinco vereadores do MDB afirmam que não aprovam o PL, muito em razão da postura do colega Maraca e da sensação de que o governo faz pouco caso da base governista. Outros vereadores da base começam a se incomodar com o protagonismo da oposição e, se o PL tiver entrado na pauta apenas como "palco de distração legislativa", querem se sentir liberados para também protagonizar o espetáculo.

PF PROTAGONISTA

Toda ação gera reação. As recentes incursões da Polícia Federal não são novidade, tampouco simples resposta à tentativa de Guilherme Derrite de mexer em recursos da PF. As movimentações de governadores, articuladas por Derrite, surgem como reação ao trabalho da PF em investigações nos Estados que incomodam governadores e prefeitos. O recado é claro: ninguém quer a PF bisbilhotando seus porões.

SEM IDEOLOGIA

Vive-se um momento em que PF, CGU e Secretaria Nacional de Segurança Pública disputam espaço e poder com as Secretarias de Segurança Pública Estaduais. As ações já alcançam caciques partidários: Antônio Rueda (UB) e Ciro Nogueira (PP) se juntaram à teia em que Valdemar Costa Neto (PL) está enrolado. Tarcísio (REP) e Derrite seguem o roteiro, enquanto Baleia Rossi (MDB) e Gilberto Kassab (PSD) calculam o custo-benefício de ficar perto desse grupo. A Operação Coffee Break atingiu integrantes do governo Tarcísio e gente ligada a Kassab neste mês.

MPs NOS ESTADOS

Os Ministérios Públicos Estaduais, alguns mais independentes, outros mais dóceis ao Executivo, tentam administrar as perdas impostas pelo pacote "antifacção" mal coordenado por Derrite. Em São Paulo, o MPE-SP está superalinhado com a PF e com a Secretaria Nacional de Segurança Pública. Policiais, promotores e políticos sentados à mesma mesa, disputando protagonismo e controle, é combinação que tende a terminar mal.

MAGÊ NA PARADA

Hoje secretária da Cultura e em planos de assumir de vez a vaga de Bigodini (MDB), 1ª suplente do MDB, Maria Eugênia Biffi, pode se tornar vereadora. A condução do processo penal contra o vereador pode levá-la a assumir definitivamente o mandato a partir de 2027, ano eleitoral. Uma felpuda raposa do MDB afirmou à coluna que Bigodini deve ser condenado e que deve haver um novo pedido de cassação diante de eventual condenação. A confirmar.

INDIGESTÃO

O recebimento da denúncia contra Bigodini pelo juiz Guacy Sibille Leite não foi bem digerido pelo vereador afastado. A estratégia, porém, é sumir da mídia para não influenciar o processo — justamente o oposto do que o ajudou a se eleger. Afastado, ele mantém silêncio absoluto sobre a ação penal, tentando preservar o pouco capital político que ainda resta.

DUDA CAUSOU

A vereadora Duda Hidalgo (PT) "causou" com emenda para estender a cesta natalina a aposentados e pensionistas do IPM. Apesar da aprovação inicial por 11 × 3, o líder de governo, Lincoln Fernandes (PL), reverteu a votação cobrando, aos gritos, nominalmente, os vereadores, que mudaram de posição — resultando na rejeição da emenda por 11 × 6.. A base governista saiu fragilizada do episódio.