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Você já viu um MP Lafer rodando pelas ruas? Se viu, com certeza virou o pescoço. E se nunca viu, posso te garantir: é daquelas imagens que marcam. Um carro que parece saído de um filme antigo, com linhas elegantes, faróis redondos e uma certa pose de nobreza. Mas, o que pouca gente sabe, é que aquele carro tão europeu é, na verdade, 100% brasileiro ou quase.
Tudo começou nos anos 70, quando o país vivia um momento estranho. Crise do petróleo, censura, mas também uma vontade enorme de criar, de fazer diferente. Foi aí que entrou em cena um sujeito chamado Percival Lafer, um designer famoso por seus móveis modernos e arrojados. Um homem de visão, desses que não se contentam só com o que o mercado oferece.
Percival decidiu que o Brasil merecia um carro com alma, estilo e charme. Nada de mais do mesmo. Ele queria algo com ares de clássico, daqueles que remetem à Inglaterra dos anos 40, como os famosos MGs. E assim, com base mecânica do velho e confiável Fusca, nasceu o MP Lafer, em 1974.
A receita era curiosa: motor Volkswagen 1600 na traseira, carroceria em fibra de vidro moldada à mão e acabamento digno de carro importado. Por dentro, volante de madeira, painel elegante, bancos confortáveis. Por fora, cromados brilhando ao sol e aquele ar de que você está dirigindo uma obra de arte e não um simples automóvel.
O MP Lafer não era um carro popular. Não era pra ser. Era carro de passeio de domingo, de quem curtia o prazer da estrada, o vento no rosto, e o barulhinho inconfundível do motor boxer. Era, também, símbolo de bom gosto e de uma certa ousadia brasileira, em um tempo em que ousar era quase um ato de resistência.
Ao longo de 16 anos de produção, cerca de 4.300 unidades foram fabricadas. Muitas delas foram parar fora do Brasil, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Sim, o mundo lá fora também se encantou com aquele roadster nascido em solo tropical.
Hoje, o MP Lafer é item de colecionador. E quando você vê um deles rodando por aí geralmente aos domingos, com placa preta e um dono sorridente ao volante é impossível não sentir uma pontinha de orgulho. Porque aquele carro conta uma história. A nossa história.
A história de um tempo em que o Brasil decidiu criar algo belo, diferente, com alma. E conseguiu. Para mais histórias como essa siga: @autofocorp