Oásis urbanos: a urgência de proteger o verde em Ribeirão Preto

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FERNANDO DE LIMA CANEPPELE*


Em meio ao concreto, ao asfalto quente e ao ritmo acelerado do dia a dia, as áreas verdes de Ribeirão Preto são mais do que simples paisagens: são refúgios essenciais para nossa saúde física e mental. Parques como o Curupira (Luiz Roberto Jábali), o Maurílio Biagi, o Tom Jobim ou o Morro de São Bento não são um luxo, mas uma infraestrutura vital para a qualidade de vida na cidade.
No entanto, a importância desses espaços vai muito além do lazer. Cada árvore, cada metro quadrado de grama, desempenha um papel crucial na manutenção do equilíbrio ambiental urbano. Em uma cidade conhecida por seu calor intenso, essas "ilhas verdes" são nossas principais aliadas no combate às ilhas de calor, ajudando a regular a temperatura, melhorar a umidade do ar e filtrar poluentes.
Mais do que isso, esses parques são os últimos santuários para a biodiversidade urbana. Eles abrigam e servem de corredor para diversas espécies de aves, insetos e pequenos mamíferos adaptados ao convívio conosco. Proteger o Bosque Municipal, por exemplo, além de preservar um local de passeio, garante a sobrevivência de um ecossistema complexo no coração da cidade.
O desafio que enfrentamos é claro: o crescimento urbano desordenado exerce uma pressão constante sobre essas áreas. A impermeabilização do solo agrava enchentes, enquanto a poluição e, por vezes, a falta de manutenção adequada, ameaçam a vitalidade desses espaços. A conservação não pode ser uma pauta secundária; ela é central para o planejamento de uma cidade resiliente.
Cuidar dos nossos parques é um investimento direto na nossa própria saúde. São locais para a prática de exercícios, para o encontro social, para a pausa necessária que restaura nossa mente. Eles são a prova de que é possível, sim, conciliar desenvolvimento e natureza.
Proteger o verde que ainda temos e lutar pela criação de novos espaços não é uma escolha, é uma necessidade. Cabe ao poder público garantir sua preservação e manutenção, mas cabe a cada um de nós valorizar, frequentar e zelar por esses oásis. Afinal, uma cidade mais verde é, indiscutivelmente, uma cidade mais humana e saudável para todos.

*Engenheiro elétrico, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga. Especialista em energia sustentável