Escolas Solares: Ensinando o Futuro, Economizando no Presente

, atualizado

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Imagine as escolas municipais de Ribeirão Preto. Agora, olhe para cima, para os seus telhados. E se, em vez de simples coberturas, eles fossem pequenas usinas de energia limpa, gerando eletricidade e conhecimento todos os dias?

Esta não é uma visão futurista, mas uma oportunidade real e inteligente para a nossa cidade, que combina responsabilidade fiscal com educação de ponta.

Ribeirão Preto é abençoada com uma das maiores incidências solares do Brasil. Deixar de aproveitar esse potencial imenso, especialmente em nossos prédios públicos, é um desperdício. A instalação de painéis solares nas escolas municipais é um projeto com retorno garantido em duas frentes cruciais: a econômica e a pedagógica.

Do ponto de vista econômico, os números são claros. Um sistema de energia solar pode reduzir a conta de luz de uma escola em até 95%. O investimento, que se paga em um prazo médio de três a seis anos, se transforma em décadas de economia, considerando a vida útil de mais de 25 anos dos equipamentos. Esse dinheiro, que hoje é gasto com a fatura de energia, poderia ser redirecionado para o que realmente importa: livros, computadores, melhorias na infraestrutura e valorização dos profissionais da educação. É um passo lógico na modernização de nossos edifícios públicos.

Contudo, o benefício mais transformador é o educacional. Ao instalar painéis solares, a escola deixa de apenas falar sobre sustentabilidade e passa a vivê-la. O telhado se converte em um laboratório a céu aberto, onde os alunos podem ver, na prática, conceitos de física, matemática e ciências. A educação ambiental sai das páginas dos livros e se torna uma realidade concreta e palpável.

Uma escola equipada com energia limpa se transforma em um polo irradiador de consciência. Os alunos que crescem em um ambiente que valoriza a sustentabilidade levam essa mentalidade para casa, influenciando os hábitos de suas famílias e da comunidade. Estamos formando não apenas alunos, mas cidadãos conscientes, preparados para os desafios de um mundo que exige soluções inovadoras e ecológicas.

Investir em energias renováveis nas escolas é, portanto, uma decisão duplamente estratégica. É usar a inteligência para economizar recursos públicos e, ao mesmo tempo, usar a prática para formar as futuras gerações. A pergunta não é se devemos fazer, mas por que ainda não fizemos em larga escala.

* Engenheiro elétrico, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga. Especialista em energia sustentável