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A defensora de direitos humanos Ana Paula Gomes de Oliveira, 48 anos, recebeu esta semana o prêmio Martin Ennals, considerado o Nobel dos Direitos Humanos.
De acordo com a organização do prêmio, a homenagem reconhece a atuação de Ana Paula na denúncia da violência de Estado e na defesa de mães e familiares de vítimas da letalidade policial. Moradora da favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro, Ana Paula tornou-se referência nacional e internacional após a morte de seu filho Johnatha, em 2014, durante ação policial.
Johnatha tinha 19 anos de idade quando cruzou com um tumulto entre policiais e moradores da favela de Manguinhos. Um agente da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) disparou e atingiu o jovem nas costas. O processo continua sem um desfecho, à espera de novo julgamento.
Ana Paula transformou o luto em luta, cofundando o movimento Mães de Manguinhos, coletivo de mulheres negras que denuncia o racismo institucional e cobra responsabilização do Estado em casos de homicídios, prisões ilegais e outras violações. Sua atuação também integra a Rede de Assistência às Vítimas da Violência de Estado (Raave), que oferece apoio psicossocial às famílias e articula propostas de reformas legislativas.
A trajetória de resistência de Ana Paula foi registrada pelo programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, na edição Mães de Luta, veiculada em março deste ano, que recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog, uma das principais premiações do jornalismo brasileiro.
Ana Paula também já deu diversas entrevistas às equipes da Agência Brasil, Radioagência Nacional e Radiojornalismo, fazendo parte do especial/podcast Mães que Lutam, de maio de 2023. Em entrevista exclusiva ao repórter Rafael Cardoso, em 2024, ela chegou a afirmar que a luta deu sentido à sua vida.