A igreja fica a um quilômetro (Km) da Praça São Lucas, onde foram reunidos corpos retirados de uma área mata entre os complexos do Alemão e da Penha na madrugada depois da operação policial. Segundo a Secretaria de Pública do Rio de Janeiro, 121 pessoas foram mortas, dentre elas, quatro policiais e 117 civis. A operação cumpriu 20 dos 100 mandados de prisão emitidos pela justiça e incluía também 180 mandados de busca e apreensão. Outras 93 pessoas foram presas em flagrante. O alvo da operação era o Comando Vermelho, que controla o território.
Entre o crime organizado e operações policiais, a população se vê encurralada, de acordo com uma moradora do bairro, que não quis se identificar. A gente não tem sossego. [A operação] Afeta. Claro que afeta, principalmente porque você tá encurralada, diz.
No dia a dia, ela diz que tem dificuldades para ir e vir por conta do crime organizado. Atrapalha até as ruas, as pessoas não podem passar. Ficam cobrando até pedágio. Isso não existe, gente, diz. É tranquilidade que eu cobro. A minha cobrança é essa. Porque a gente não tem mais paz, não tem sossego. Você vai pedir um Uber, o Uber não quer entrar aqui porque está na Penha. Olha que absurdo.
A operação sofreu diversas críticas, sobretudo por indícios de abuso de poder por parte dos policiais, por organizações nacionais e internacionais, como o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU). Além disso, famílias dizem que encontraram marcas de tortura nos corpos dos parentes mortos e afirmam que têm provas de que eles tentaram se entregar. Por outro lado, o governo do estado afirma que aqueles que se entregaram foram presos, e que as pessoas que foram mortas entraram em conflito com os agentes.
Para outro morador, que não quis se identificar, a operação dá uma sensação de que algo está sendo feito. O Rio de Janeiro todo está meio largado em questão de segurança. Isso [a operação], de uma certa forma, acaba trazendo uma sensação de que estão fazendo algo, né? Porque são dois lados. Ninguém é bonzinho, diz.
Uma moradora que estava no complexo da Penha durante a operação diz que foi um dia de horror. Foi muito ruim para nós, porque impactou a vida de muita gente, dos moradores, das crianças, foi muito tiroteio. E isso é ruim para quem não tem envolvimento com nada, pra gente que é morador, pessoas de bem.
Perguntada se acredita que algo muda com a operação policial, ela é taxativa: Nada.