Com problemas de caixa, GCM zera atendimentos noturnos
Munícipes são informados através do telefone 153 que não há efetivo para ocorrências noturnas; especialista critica
, atualizado
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Apesar de mais de 1,9 mil atendimentos em agosto, com operações diurnas contra receptação, a GCM não atua em patrulhamento à noite. A informação foi dada pela própria Guarda Civil a munícipes que ligaram no 153. A orientação, nos casos analisados pelo Jornal Ribeirão, foi ligar para a Polícia Militar.
"Por duas vezes precisei de atendimento depois das 10h, aas duas vezes disseram que não havia efetivo e que eu deveria chamar a Polícia Militar", afirma o empresário Arthur Dapieve, 57, morador no Ipiranga.
A GCM não se manifestou sobre a quantidade de atendimentos feitos no período noturno, notadamente após as 22h. Em agosto de 2025, a unidade registrou um total de 1.933 atendimentos, entre rondas em escolas (400), praças (947), unidades de saúde (253) e diversos apoios a fiscalizações, flagrantes e medidas protetivas.
Contudo, apesar da presença ostensiva durante o dia e das várias operações integradas, segundo o quadro de atendimentos da Guarda, não se repete nas madrugadas. A corporação tem enfrentado críticas por sua quase inexistente atuação noturna, especialmente em relação a crimes crescentes, como o furto de cabos de semáforos.
Um exemplo ajuda a consolidar essa realidade. Nos primeiros oito meses de 2025, foram registrados 147 furtos de cabos semafóricos - que ocorrem, em sua totalidade, à noite, totalizando mais de 5.300 metros de fios subtraídos, com prejuízo estimado em quase R$ 64 mil — um aumento de 102% em relação a todo o ano de 2024. Apenas um desses furtos e um roubo foram formalmente registrados pela GCM.
"Essa discrepância indica que a GCM não está conseguindo prevenir esses delitos, permitindo que criminosos atuem livremente durante a noite. A consequência é o aumento constante dos furtos", avalia o especialista em segurança Sandro Beare.
RECEPTAÇÃO
Por outro lado, as operações contra a receptação desses materiais furtados — como em ferros-velhos — são realizadas rotineiramente durante o dia, em média duas a três vezes por mês. Nesses momentos, a Guarda fiscaliza cerca de dez estabelecimentos por operação. A evidência é clara: atua-se diretamente na receptação e não em quem furta.
Esse contraste evidencia que a atuação da GCM está focada na repressão após o crime, sem conseguir coibir o furto em si. O resultado: a sensação de insegurança cresce entre os munícipes, e o prejuízo financeiro à cidade, representado pelos constantes reparos nos semáforos, só aumenta.
Além das falhas no patrulhamento noturno, o descaso com a população fica evidente nas ligações para o 153. Munícipes, frustrados, relatam ao Jornal Ribeirão que o atendimento não dá suporte efetivo, indicando a Polícia Militar como alternativa no período noturno — o que aponta para um sistema de segurança pública fragmentado e pouco efetivo na esfera municipal, pelo menos à noite. Enquanto isso, os furtos de semáforos continuam colocando em risco motoristas, pedestres e toda a mobilidade urbana da cidade.