Ricardo quer reduzir 80% das consultas em UPA utilizando telemedicina

Prefeito informa que sistema online é a opção para desafogar atendimento nas unidades; foco será casos de baixa gravidade

, atualizado

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Novo aplicativo foi lançado esta semana pela Secretaria de Saúde
Novo aplicativo foi lançado esta semana pela Secretaria de Saúde - Foto: Fernando Gonzaga
Novo aplicativo foi lançado esta semana pela Secretaria de Saúde - Foto: Fernando Gonzaga

Apostar na telemedicina, com consultas por telefone, para enfrentar os problemas de saúde da cidade, retirando até 80% dos pacientes das Unidades de Pronto Atendimento de Ribeirão. Essa é a aposta da Prefeitura de Ribeirão Preto, que anunciou oficialmente a implementação do Cuidar+ On, plataforma que prevê acesso remoto aos serviços com enfermeiros, médicos e psicólogos, 24 horas por dia, todos os dias da semana — inclusive com prescrição de receitas e atestados.

“Isso vai desafogar as UPAs, já que 80% dos casos atendidos podem ser resolvidos pela telemedicina”, afirma o prefeito Ricardo Silva, que informou que o acesso poderá ser feito pelo WhatsApp, pelo aplicativo e pelo 0800.

Ricardo Godinho, secretário da Saúde, afirma que a intenção é proporcionar atendimento para casos de baixa complexidade, como o fluxo de pessoas que buscam atestado ou atendimento para quadros gripais simples. “Esses atendimentos, de baixa complexidade, podem ser realizados pela telemedicina”, reforça.
Segundo a administração, foram implantadas salas de teleconsulta do Cuidar+ On nas UPAs para pacientes com sintomas leves. Além do acesso pelo aplicativo, usuários que forem até as UPAs também poderão utilizar o serviço, de forma opcional. Os medicamentos prescritos durante a teleconsulta poderão ser retirados nas farmácias das UPAs e demais unidades de saúde.

Triagem

Para ter acesso às consultas, é necessário manter o cadastro atualizado em uma unidade de saúde de Ribeirão. Os usuários passam por uma triagem com enfermeiros, que definem se o atendimento pode ser feito por vídeo ou se há necessidade de encaminhamento para atendimento presencial.

Se não for identificada a necessidade de consulta presencial, o usuário é encaminhado a um médico, que fará as indicações. A opção, segundo Godinho, também poderá ser utilizada para consultas psicológicas.
“O usuário pode ser atendido por um psicólogo e dar sequência ao acompanhamento com o mesmo profissional, em até quatro sessões agendadas, fortalecendo o vínculo terapêutico e garantindo um atendimento mais eficaz”, destaca o secretário municipal da Saúde.

Substituição

O novo aplicativo substituirá o Saúde24h, mantendo todos os serviços já oferecidos e incorporando as opções de telemedicina. Desde o dia 24, todas as pessoas que passaram por consultas online receberam um comunicado sobre o novo aplicativo, que já está disponível para download no Google Play para usuários de Android.

Serviço

App Cuidar+ On
•Android: disponível no Google Play
•Em breve na App Store
•WhatsApp/Ligações: 0800-888-7812

Telemedicina exige cuidado, mas é irreversível, afirma especialista

A telemedicina, embora promissora como estratégia de saúde pública, apresenta riscos que precisam ser considerados para garantir sua implementação segura e eficaz.

Entre os principais riscos, destacam-se a possibilidade de diagnósticos imprecisos devido à ausência de exame físico completo, problemas de segurança e privacidade dos dados dos pacientes, desigualdade no acesso à tecnologia e dificuldades na interpretação de exames a distância.

Ainda assim, segundo especialistas ouvidos pelo Jornal Ribeirão, vale o risco.

“O uso imediato e a aplicação bem-sucedida da telessaúde para enfrentar este desafio global de saúde pública provavelmente aumentarão a aceitação pública e governamental de tais tecnologias para outras áreas da saúde no futuro, incluindo doenças crônicas, em todo o mundo e, também, no Brasil”, afirma a professora Rosângela Caetano, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que escreveu um artigo sobre o uso de telemedicina na rede pública.

Para o professor José Maldonado da Cruz, da Fiocruz, no entanto, será preciso enfrentar um problema legal: o uso e a proteção dos dados. “Deve-se levar em conta os riscos dos profissionais e usuários no uso de tecnologias com baixa segurança para proteção das informações”, ressalta.