‘Treta’ entre Bigodini e Hagara acaba na polícia

Após entrevero na Câmara, vereador e suplente trocam farpas pelas redes sociais e caso terminar com registro de boletim de ocorrência

, atualizado

Compartilhar notícia

Hágara do Pão de Queijo e Bigodini: exposição e troca de farpas em redes sociais
Hágara do Pão de Queijo e Bigodini: exposição e troca de farpas em redes sociais - Foto: Reprodução
Hágara do Pão de Queijo e Bigodini: exposição e troca de farpas em redes sociais - Foto: Reprodução

A relação entre o empresário Hagara Espresola Ramos, conhecido como Hagara do Pão de Queijo, suplente de vereador pelo PL, e o vereador Roger Ronan da Silva, o Bigodini (MDB), ganhou contornos de guerra política nas últimas semanas em Ribeirão Preto. O embate, que começou com provocações nas redes sociais, passou pelo plenário da Câmara e terminou na Polícia Civil, envolve acusações mútuas, denúncias de perseguição e um ambiente cada vez mais beligerante.

O episódio mais recente da pendenga teve origem há cerca de três semanas, quando Hagara publicou vídeos com críticas ao Legislativo, em especial sobre o uso indevido de veículos oficiais — denúncia, vale lembrar, feita primeiro pelo Jornal Ribeirão. Em um dos videos, Hágara chegou a sobrevoar o estacionamento da Câmara em um fim de semana, com um drone, para verificar quais parlamentares utilizavam o carro no fim de semana.

Poucos dias depois, em 4 de agosto, Hagara esteve na Câmara Municipal, ocasião em que foi cobrado por Bigodini em meio a uma sessão. O parlamentar desafio o suplente a “atrapalhar a sessão” e “incomodar os vereadores”.

O bate-boca, entretanto, continuou e a sequência do entrevero foi filmada por ambos os envolvidos. Já fora do plenário, o vereador questionou Hagara sobre supostas dívidas fiscais de sua empresa, enquanto o empresário retrucou afirmando que o parlamentar estaria “fedendo a cachaça”.

O embate, filmado por ambos, viralizou rapidamente e acirrou a troca de ofensas, rapidamente tomando conta das redes sociais. A repercussão foi imediata. “Não ficou uma imagem boa na Câmara. A repercussão foi bem negativa”, disse um colega de Bigodini, que pediu para não ser identificado.

Ao mesmo tempo em que a discussão circulava nas redes sociais, Hagara passou a alegar que vem sendo alvo de uma perseguição sistemática não apenas de Bigodini, mas também da Prefeitura, que estaria intensificando fiscalizações em seus estabelecimentos comerciais.

Mais pendenga

O conflito, no entanto, não parou por aí. No último sábado (16), Hagara registrou boletim de ocorrência contra o vereador. Segundo o empresário, Bigodini teria ido até um de seus estabelecimentos, no Jardim Irajá, acompanhado de uma assessora que filmava a ação. Ele acusa o parlamentar de utilizar as imagens em suas redes sociais, onde soma mais de 270 mil seguidores, e afirma ter sido ofendido no local, quando Bigodini o teria chamado de “charlatão”.

A troca de provocações ganhou novo capítulo digital. Nas redes sociais, Hagara desafiou o vereador a realizar exame toxicológico. Em resposta, Bigodini publicou resultado negativo para substâncias ilícitas em um laudo que constata consumo de entorpecentes pela urina e desafiou o empresário a apresentar um laudo semelhante.

A escalada do confronto alimentou debates acalorados entre os seguidores de ambos, dividindo opiniões. Após o episódio, Hagara declarou que não pretende mais responder diretamente a Bigodini. “Caso queira falar comigo, será através de meus advogados”, disse em vídeo publicado em suas redes.

Já Bigodini, insistentemente procurado, não se manifestou.

Hagara vê perseguição e fala em “se livrar” de telhado de vidro

Procurado, Hagara afirmou que não pretende mudar sua forma de comunicação. “Estamos na luta, seguindo firme, lutando contra esse sistema aí. Não vou desistir, não vou abaixar a cabeça”, declarou.
Segundo ele, há um plano para deixar a vida empresarial a fim de proteger sua família: “Eles tratam minha vida como empresário como um telhado de vidro. Vou resolver isso e aí não vão ter o que as pessoas falarem de mim”.

O suplente sustenta que há perseguição política na atuação da Fiscalização Geral: “A gente vê claramente que o sistema está doído pelas verdades que a gente tem mostrado, pelas nossas fiscalizações. Estão usando a máquina, como sempre fazem em período eleitoral, para atacar uma pessoa que tem sido o contraponto, o único contraponto deles aqui na cidade”, disse.

Ele afirmou ainda que tomará medidas judiciais contra Bigodini, mas avalia que o vereador estaria sendo manipulado: “Acredito que ele está sendo utilizado pelo sistema, ou até mesmo por alguém da própria Câmara”.

Prefeitura nega irregularidade

Em nota encaminhada ao Jornal Ribeirão, a Prefeitura de Ribeirão Preto defendeu a atuação da Vigilância Sanitária. Confira o posicionamento, na íntegra:

"A Prefeitura de Ribeirão Preto, por meio da Divisão de Vigilância Sanitária, destaca que atua de maneira estritamente técnica e imparcial, sem qualquer influência pessoal ou política em suas ações fiscalizatórias. Todas as inspeções seguem critérios legais e de saúde pública, tendo como finalidade exclusiva a proteção da população.
Durante uma recente vistoria no comércio Oxente, localizado na Rua São Sebastião, foram identificadas várias irregularidades, que levaram à inutilização de aproximadamente 590 kg de produtos irregulares, entre 600 garrafadas e 198 frascos de xarope (Vovó Isabel).
A venda desses itens é proibida em todo o território nacional pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por não apresentarem comprovação de segurança e eficácia, além da ausência de identificação dos fabricantes, o que expõe os consumidores a sérios riscos à saúde.
Diante da gravidade constatada, os produtos foram imediatamente inutilizados, conforme determina a legislação vigente. Todas as ocorrências são registradas em relatório de inspeção, que integra o processo administrativo sanitário.
Assim, a alegação de que familiares estariam sendo alvo de “perseguição” não corresponde à realidade. A ação foi motivada exclusivamente pelas irregularidades verificadas no local, devidamente documentadas pela equipe responsável.
A Vigilância Sanitária reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e, sobretudo, com a defesa da saúde pública, que deve prevalecer sobre quaisquer interesses particulares", diz o texto.

Polícia Civil apura os fatos

A Polícia Civil confirmou que apura as ocorrências registradas por Hagara. O empresário disse que tomará medidas legais caso o vereador mantenha comportamentos considerados abusivos.

Até o momento, Bigodini não se pronunciou oficialmente. O Jornal Ribeirão enviou questionamentos ao parlamentar e à sua assessoria, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.