Justiça condena Zerbinato a quatro anos de prisão por rachadinha
Para Justiça, houve comprovação de que ex-parlamentar ficou com dinheiro de ex-assessora; condenado fala em deepfake
, atualizado
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A Justiça de Ribeirão Preto condenou a o ex-vereador Sérgio Zerbinato (PSDB) a quatro anos de reclusão pela prática da chamada rachadinha enquanto parlamentar. O crime foi tipificado como corrupção passiva e a pena inclui o pagamento de 20 salários mínimos, o que corresponde a R$ 30.360. Da decisão, cabe recurso.
O Judiciário entende que há provas cabais do esquema de corrupção montado no gabinete do vereador, que obrigava uma das suas assessoras a devolver parte do salário. O recurso – na casa dos R$ 3 mil mensais - era então direcionado à irmã do parlamentar, Danila Zerbinato.
“Como consequência desta sentença condenatória e sobre a questão de cargos públicos eventual ou futuramente ocupados pelos réus, deve ser cumprido o necessário em decorrência dos efeitos dessa condenação (...)”, diz trecho da sentença.
Além do crime de corrução passiva, Zerbinato também respondeu por associação criminosa. Dessas acusações, ele e a irmã foram absolvidos. O vereador e Dalila podem recorrer em liberdade.
O CASO
Em novembro de 2021, o jornalista Eduardo Schiavoni, editor-chefe do Jornal Ribeirão, atuando então pelo Portal Thathi, revelou com exclusividade a acusação de rachadinha no gabinete do então vereador. À época, o jornalista teve acesso a mais de duas horas de gravação de conversas do parlamentar com a ex-assessora nas quais ele discute abertamente a forma de devolução do dinheiro.
Segundo a ex-assessora Ivanilde Ribeiro Rodrigues, Zerbinato teria orientado que ela repassasse entre R$?2,2 mil e R$?3 mil por mês à irmã do vereador, Dalila Zerbinato, como condição para manter o cargo. Dalila também foi condenada pelo crime de corrupção passiva.
Além de Ivanilde, Renata Benedicto, que trabalhou na Câmara como assessora de outro parlamentar, também confirmou ter recebido proposta simular do ex-vereador. “O Sergio Zerbinato fez essa proposta pra mim na época da campanha e eu recusei veementemente e o aconselhei a esquecer essa idéia”, disse Renata, nas redes sociais. Ainda segundo ela, o vereador disse textualmente que ela precisaria devolver o dinheiro.
DENÚNCIA
Além da matéria jornalísticas, áudios gravados e documentos bancários fundamentaram a denúncia, investigada pelo Ministério Público. O caso também foi levado ao Conselho de Ética da Câmara, em 2021, mas acabou arquivado.
Em 2023, o Ministério Público promoveu denúncia formal do ex-parlamentar, e a Justiça aceitou o caso, tornando Zerbinato réu por suposta prática de rachadinha, configurada como corrupção passiva, além de associação criminosa.
OUTRO LADO
Procurado, Zerbinato informou que ainda não havia sido notificado da sentença. “Ainda não estou sabendo de qualquer decisão, até o momento não fui notificado, mas assim que for oficiado da decisão vou falar com meus advogados para recorrer”, disse.
Ele informou, ainda, que foi vítima de perseguição política. “Reafirmo que os áudios são frutos de uma deepfake, claramente com intuito de me perseguir politicamente! Nunca participei de qualquer ato ilegal na minha vida!”, diz o parlamentar.
A reportagem não conseguiu contato com a irmã de Zérbinato, Dalila.
"Reafirmo que os áudios são frutos de uma deepfake, claramente com intuito de me perseguir politicamente". Sérgio Zerbinato - ex-vereador