Bibliotecária na Escola: cuidado e resiliência pelos livros

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Galeno Amorim, ex-presidente da Biblioteca Nacional
Galeno Amorim, ex-presidente da Biblioteca Nacional - Foto: Divulgação
Galeno Amorim, ex-presidente da Biblioteca Nacional - Foto: Divulgação

O ambiente escolar, embora vital, é um epicentro de demandas emocionais. Educadores enfrentam jornadas exaustivas, que levam ao estresse e burnout, minando a saúde mental. Alunos lidam com desafios que vão de bullying e preconceitos a traumas.
Nesse cenário, a Biblioterapia, reconhecida como ciência desde o início do século 20 em países como os EUA e cada vez mais usada no Brasil, surge como ferramenta poderosa que recorre à literatura para promover cura, identificação e ressignificação de experiências.
Para professores e outros profissionais, pode significar autocuidado e fortalecimento emocional. A pressão constante leva ao esgotamento, e a literatura pode mitigar ao acolher, liberar emoções e possibilitar aprendizado com experiências narradas.
Clubes de leitura com professores e funcionários, com obras sobre resiliência, propósito e superação, transbordam vivências pessoais e aliviam o isolamento e o estresse. Quem cuida também precisa ser cuidado.
Para alunos, a Biblioterapia acolhe, reflete, liberta emoções e empodera. Uma boa história valida sentimentos e mostra que não estão sozinhos. Ler sobre personagens que superam problemas ajuda o leitor a acreditar que também pode. Clubes de leitura sobre identidade, empatia e preconceitos abrem espaço seguro para diálogo.
Obras seguidas por rodas de conversa mediadas por biblioterapeutas permitem que crianças expressem o que sentem e desenvolvam empatia. Profissionais preparados podem “prescrever” leituras para lidar com luto, ansiedade ou conflitos.
O livro atua como mediador, ajudando a processar emoções. A implantação exige esforço conjunto de gestores, professores e bibliotecas, cujos acervos podem ser kits de primeiros socorros emocionais.
A Biblioterapia não é panaceia, mas um caminho humano para fortalecer a comunidade escolar e cuidar da saúde mental.

* autor de 16 livros, presidiu a Biblioteca Nacional e o Cerlalc/Unesco, criou o Plano Nacional do Livro e Leitura e o Programa de Formação em Biblioterapia.