‘Tarifaço’ de Trump deve afetar 1,5 mil empregos em Ribeirão Preto
Levantamento utilizou dados do Ministério do Desenvolvimento; cidade exportou quase 63 milhões de dólares para EUA
, atualizado
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Não se trata apenas de uma questão de política internacional. Caso seja confirmada a taxação de 50% pelo governo dos Estados Unidos sobre todos os produtos brasileiros vendidos ao mercado americano — anunciada pelo presidente Donald Trump, com início previsto para agosto —, o município de Ribeirão Preto poderá sofrer impacto direto em 1.510 postos de trabalho.
A cidade exportou, em 2024, o total de US$ 298,71 milhões (aproximadamente R$ 1,6 bilhão) para países de todos os continentes. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a cada US$ 1 bilhão exportado aos Estados Unidos são criados, em média, 24,3 mil empregos no Brasil. Com base nesse cálculo, estima-se que cerca de 7.260 empregos em Ribeirão Preto estejam diretamente ligados às exportações internacionais.
Do volume total das exportações, 21% — o equivalente a US$ 62,3 milhões (ou perto de R$ 350 milhões) — foram destinados aos Estados Unidos, país que ocupa a primeira colocação no ranking de destinos das exportações da cidade. Caso a nova tarifa americana entre em vigor, estima-se que 1.510 empregos ligados à cadeia exportadora de Ribeirão Preto, especificamente ao mercado norte-americano, sejam afetados.
“Além da possível retração nas exportações, há preocupação com efeitos indiretos na cadeia produtiva. Empresas exportadoras podem ser forçadas a buscar novos mercados, o que demanda tempo e investimentos, ou mesmo transferir parte da produção para os Estados Unidos, como sugerido pelo próprio governo americano. Tal cenário pode resultar em perda de empregos e redução de renda na região”, avalia o economista José Rita Moreira.
TRABALHO
Esses postos de trabalho incluem tanto funções diretamente ligadas à produção quanto áreas de apoio, como trabalhadores administrativos, motoristas de caminhão, profissionais de armazém, despachantes aduaneiros, analistas de comércio exterior, especialistas em marketing e vendas, consultores internacionais, entre outros.
No entendimento de José Rita Moreira, o ambiente sugere que, no curto prazo, a adaptação a novos mercados é limitada, tornando o impacto das tarifas especialmente severo para a economia de Ribeirão Preto. “A região terá de buscar alternativas para mitigar as perdas, mas a dependência do mercado americano torna o desafio ainda maior”.
Colaborou Eduardo Schiavoni
Conheça os dez países que mais importam de Ribeirão
Os dez países que mais importam mercadorias de Ribeirão Preto são: Estados Unidos (21%), China (12%), Argentina (9,6%), Espanha (6,9%), Chile (6%), México (4,9%), Holanda (3,7%), Colômbia (3,6%), Peru (3,3%) e Paraguai (2,4%).
Estanho e resíduos de cobre lideram exportações da cidade
Entre os principais produtos exportados pelo município destacam-se: estanho em forma bruta (30%), desperdícios e resíduos de cobre (7,7%), preparações para alimentação animal (8,1%), chapas e folhas de plástico (6,3%), borracha em chapas e outros formatos (3,9%) e instrumentos e aparelhos para uso médico, cirúrgico e odontológico (3,5%). Também aparecem itens como sementes, componentes de automóveis, frutas em conserva e bebidas alcoólicas.