Vereador Brando Veiga é alvo de pedido de cassação na Câmara por suspeita de fraudes eleitorais
Denúncias de Quebra de Decoro e Abuso de Poder e até Rachadinha é mencionada no pedido de cassação
, atualizado
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Foi protocolada na Câmara de Ribeirão Preto uma representação pedindo a cassação do mandato do vereador e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Brando Veiga, por suposto envolvimento em uma série de condutas ilícitas durante a campanha eleitoral de 2024. A denúncia, apresentada por André Luiz Duarte, aponta possíveis práticas de quebra de decoro parlamentar, uso indevido de servidores públicos, gastos eleitorais irregulares e abuso de poder político e econômico.
Segundo o documento, Veiga teria mobilizado ex-assessoras de seu gabinete para trabalhar na campanha eleitoral durante o expediente, sem liberação formal ou qualquer tipo de remuneração específica. As atividades, segundo a denúncia, foram coordenadas por Josélia Teixeira Veiga Magalhães, esposa do vereador e tesoureira da campanha, configurando possível conluio para fraudar as regras eleitorais.
Ainda conforme a acusação, para simular a regularidade dos serviços prestados, a campanha teria utilizado notas fiscais emitidas por uma empresa de fachada, registrada em endereço inexistente e abandonado na cidade: a MEI “Ana Caroline Freire Chagas Luiz”. Os documentos fiscais apontam um valor total de R$ 12 mil, recursos provenientes do Fundo Partidário, supostamente superfaturados.
A representação também cita indícios da prática de “rachadinha” no gabinete de Veiga, consistente no repasse de parte dos salários de servidores ao parlamentar. Segundo o denunciante, a informação chegou a ele por meio da imprensa. Apesar de não citar fontes específicas, o documento afirma que ex-assessoras estão dispostas a prestar depoimentos ao Ministério Público Eleitoral para colaborar com as investigações. Vale ressaltar que esse aspecto da suposta rachadinha não foi abordado na reportagem inicial do Jornal Ribeirão.
Levantamento do Jornal Ribeirão confirma vínculos e movimentações suspeitas
A reportagem do Jornal Ribeirão apura o caso desde março deste ano e publicou, em 8 de maio de 2025, a matéria exclusiva “Brando Veiga é denunciado por notas frias e uso irregular de funcionárias na campanha”. Antes mesmo da publicação, o jornal protocolou um pedido via E-Sic à Câmara solicitando a relação de servidores e assessores que integraram as comissões permanentes de apoio administrativo entre 2020 e 2025.
A análise dos dados revelou que, pelo menos, duas ex-assessoras do gabinete de Veiga ocuparam cargos nessas comissões, e uma delas permanece em exercício até hoje.
Polícia Federal investiga o caso
Diante da gravidade das suspeitas, a Polícia Federal instaurou uma notícia de crime federal (NC nº 2025.0054632 e SEI nº 08508.002109/2025-49) para apurar indícios de fraude no uso de recursos eleitorais e outros delitos correlatos. Contudo, inquéritos dessa natureza tramitam sob sigilo e não são acessíveis publicamente.
Procurados, envolvidos não se manifestam
A reportagem do Jornal Ribeirão buscou contato com o vereador Brando Veiga, sua esposa Josélia Teixeira Veiga Magalhães e seus representantes legais, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
Ex-funcionários da Câmara confirmaram à reportagem que estão dispostos a colaborar com as autoridades, prestar depoimentos e relatar as irregularidades que presenciaram ou das quais afirmam ter sido coagidos a participar. Nenhum deles negou as acusações feitas contra o parlamentar.
A reportagem também tentou contato com Thiago Lucas Chagas Luiz, marido de Ana Caroline Freire Chagas Luiz, titular da MEI que emitiu as notas fiscais questionadas. Thiago atendeu à ligação, afirmou estar ocupado e prometeu retornar, o que não ocorreu até o momento. O nome dele aparece vinculado às prestações de contas da campanha de Veiga em um contrato de locação de veículo, no qual figura como principal e único condutor. Contudo, curiosamente, o nome de Thiago não aparece formalmente na documentação final entregue à Justiça Eleitoral.
A equipe também não conseguiu contato com André Luiz Duarte, autor da denúncia.