Após denúncia Santa Lydia publica Balanço completo das contas de 2024
Fundação divulga pareceres de auditoria independente "com ressalvas" em relação a operação e contabilidade
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Após denúncias do Jornal Ribeirão apontando irregularidades na divulgação do balanço financeiro de 2024, a Fundação Hospital Santa Lydia publicou oficialmente os pareceres dos auditores independentes e do Conselho Fiscal que faltavam na divulgação inicial. A entidade, responsável pela gestão do hospital e das UPAs de Ribeirão Preto, havia divulgado seu balanço no final de maio sem esses documentos fundamentais, descumprindo a Lei nº 6.404/76, que obriga a apresentação dessas análises para garantir transparência e confiabilidade aos dados públicos.
As demonstrações financeiras indicavam um déficit de R$ 2,3 milhões no último exercício, e prejuízo de R$ 6,1 milhões registrado em 2023. A ausência dos pareceres críticos gerou questionamentos e levou o Ministério Público a abrir um procedimento para investigar a regularidade das contas da Fundação.
Procurada, a Santa Lydia esclareceu que a divulgação inicial não contou com os documentos por questões relacionadas à extensão do material, mas reforçou o compromisso com a integridade das informações e a transparência para os cidadãos. Com a publicação dos pareceres, a Fundação busca restabelecer a confiança e mostrar que as contas estão sendo minuciosamente revisadas.
Além disso, a Diretoria Executiva da entidade informou que, atendendo a recomendação do Conselho Fiscal, promoverá uma auditoria complementar para reavaliar todos os registros já examinados pela equipe de auditoria anterior.
Parecer de Auditoria Independente com ressalvas
As peças contábeis recém-publicadas são idênticas às divulgadas originalmente no Diário Oficial do Município em 28 de maio de 2025. Nos pareceres, recem publicados os auditores independentes emitiram parecer opinativo com ressalvas, datada de 13 de maio de 2025, o que comprova que os documentos já existiam desde a primeira divulgação do balanço de 2024.
Auditores apontaram alerta em relação a elaboração e adequada apresentação das demonstrações contábeis e questionam sobre continuidade futura das operações
"A administração é responsável pela elaboração e adequada apresentação das demonstrações contábeis de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, bem como pelos controles internos que ela determinou como necessários para permitir a elaboração de demonstrações contábeis livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro. Na elaboração dessas demonstrações, cabe à administração avaliar a capacidade da Entidade de continuar operando, divulgando, quando aplicável, os assuntos relacionados à sua continuidade operacional e o uso dessa base contábil, exceto nos casos em que pretenda liquidar a Entidade, cessar suas operações ou não tenha alternativa realista para evitar o encerramento das atividades. Os responsáveis pela administração da Entidade são aqueles que supervisionam o processo de elaboração das demonstrações contábeis", ponto determinante que levou Conselheiros Fiscais a seguir os relatórios de apontamento acompanhar o parecer dos auditores, com importantes ressalvas e pontos que precisam de correção ou atenção, para tanto sugerem nova auditoria.
Principais ressalvas apontadas pelo relatório dos auditores independentes
Falta de estudo da vida útil e valor residual dos bens:
A fundação não fez uma análise adequada sobre quanto tempo os bens (como equipamentos e imóveis) vão durar e qual será o valor deles no final desse período. Isso é importante para calcular a depreciação correta.
Falta de teste de impairment:
Não foi realizado um teste para verificar se o valor dos bens da instituição está abaixo do que deveria ser, ou seja, se houve perda de valor que precisa ser registrada.
Déficit acumulado e continuidade operacional:
A fundação está com prejuízo acumulado (gasta mais do que recebe). Existe uma dúvida se ela consegue continuar funcionando normalmente no futuro, o que precisa ser destacado.
Falta de integração dos controles internos com um sistema informatizado:
A instituição tem várias normas e procedimentos, mas eles não estão organizados em um sistema único e integrado (como um software ERP). Isso dificulta garantir que os controles internos funcionem bem para evitar erros ou fraudes.