Reúso de água e energia solar iluminam o setor hoteleiro de Ribeirão Preto
, atualizado
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Em um mundo cada vez mais consciente, onde as escolhas de consumo refletem valores e preocupações com o futuro do planeta, o setor hoteleiro se vê diante de uma encruzilhada: adaptar-se às exigências de sustentabilidade ou arriscar-se a ficar para trás. Felizmente, em Ribeirão Preto, alguns estabelecimentos já acenderam a luz – literalmente, em muitos casos, a luz solar – para essa nova realidade, demonstrando que é possível aliar conforto, sofisticação e responsabilidade ambiental.
Um exemplo notável nessa vanguarda é o Royal Tulip JP Ribeirão Preto. Conforme divulgado em reportagens do setor, o hotel tem investido em uma estrutura que abraça a sustentabilidade, citando o reúso de água e a utilização de energia solar como parte de suas práticas. Essa postura, além de reduzir o impacto ambiental de suas operações – um fator crucial em uma cidade que depende do Aquífero Guarani e possui alta incidência solar –, também gera economia e agrega valor à marca, atraindo um público que valoriza empresas com propósito. O hotel foi, inclusive, listado entre estabelecimentos com foco em sustentabilidade, ressaltando sua ampla área verde como um impulsionador natural para essas práticas.
Outra iniciativa que merece destaque na cidade é a do TRYP by Wyndham Ribeirão Preto. Notícias de 2024 e início de 2025 indicaram que o empreendimento alcançou o nível três (de cinco) na escala Wyndham Green, um programa de sustentabilidade da rede, e se posicionou como um hotel que utiliza 100% de energia renovável. Planos de retrofit no empreendimento também visavam ampliar as ações sustentáveis, incluindo a eliminação de milhares de impressões de papel mensalmente através da digitalização de processos como a Ficha Nacional de Registro de Hóspede.
Esses exemplos são faróis importantes, mas levantam questionamentos pertinentes. Seriam eles pontos isolados de excelência ou o prenúncio de uma onda verde mais ampla no setor hoteleiro de Ribeirão Preto? A adoção de sistemas de reúso de água, que podem reduzir significativamente o consumo e os custos operacionais, e a instalação de painéis solares, que prometem economia na conta de luz e maior independência energética, ainda encontram barreiras para uma adesão massiva? Muitos empresários ainda encaram a sustentabilidade como um custo adicional, e não como um investimento estratégico com retorno financeiro e de imagem?
É preciso que o setor como um todo perceba que a "pegada ambiental" de um hotel é, cada vez mais, um critério de escolha para os hóspedes. Políticas de incentivo, como linhas de crédito facilitadas para tecnologias limpas ou certificações que realmente atestem o compromisso ambiental, poderiam acelerar essa transição. Além disso, a própria cidade de Ribeirão Preto, com seu potencial para o turismo de negócios e eventos, se beneficiaria ao ter uma rede hoteleira reconhecida por suas práticas sustentáveis.
Que as iniciativas pioneiras do Royal Tulip JP e do TRYP by Wyndham sirvam de inspiração. A hospitalidade do futuro não é apenas sobre camas confortáveis e bom atendimento; é sobre oferecer uma experiência que respeite o meio ambiente e contribua para um legado positivo. Ribeirão Preto tem a chance de se destacar nesse cenário, transformando seus hotéis em verdadeiros oásis de sustentabilidade. Aos demais estabelecimentos, fica o convite à reflexão e à ação. E aos hóspedes, o poder de escolher e valorizar quem já faz a diferença.
* Engenheiro elétrico, professor da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga. Especialista em energia sustentável.