Exposições no Sesc abrem Temporada França-Brasil 2025 em São Paulo
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As exposições "O Poder de Minhas Mãos" e "PLAY - FITE" abrem neste final de semana a programação da temporada França-Brasil 2025. Pensadas dentro do eixo de celebrações culturais entre os dois países, as mostras podem ser visitadas até dezembro.
A temporada França-Brasil é composta por uma série de exposições, além de encontros artísticos, científicos e sociais sob temas como clima, diversidade e democracia. Marca os 200 anos das relações diplomáticas entre as duas nações e nascerem do diálogo entre os presidentes Lula e Macron em 2023. As primeiras atividades, em Brasília, se deram no Festival Convergências, que começou dia 18 e se encerra neste sábado (23). A programação foi composta por música instrumental, exposições, arte circense e debates sobre inovação e cultura.
Também neste sábado começam as atividades na capital paulista. O Sesc Pompeia inaugura a exposição O Poder de Minhas Mãos, com obras de artistas negras de África, da diáspora e do Brasil, que transformam temas íntimos em atos políticos. A cidade também recebe o espetáculo acrobático Les Voyages, da companhia Cie XY, no Parque da Independência, além da performance Atomic Joy, de Ana Pi, na Pinacoteca, que transforma a alegria em forma de resistência. A abertura musical fica por conta do Concerto Noite França-Brasil, unindo artistas dos dois países e da África. Os detalhes da programação podem ser conferidos no site do evento.
A exposição coletiva "O Poder de Minhas Mãos" conta com curadoria de Odile Burluraux, do Museu de Arte Moderna de Paris, Suzana Sousa, curadora independente angolana, e de Aline Albuquerque, artista visual e curadora com atuação em Fortaleza (CE). A exposição se baseia em valores de autorrepresentação, resistência, memória e invenção de mundos, e amplia mostra apresentada em Paris na Temporada África 2020. Às artistas africanas se somam brasileiras, perfazendo 25 participantes: Aléxia Ferreira, Aline Motta, Ana Pi, Ana Silva, Buhlebezwe Siwani, Castiel Vitorino Brasileiro, Dhiovana Barroso, Eliana Amorim, Fabiana Ex-Souza, Gabrielle Goliath, Gê Viana, Grace Ndiritu, Kapwani Kiwanga, Jasi Pereira, Lebohang Kganye, Lerato Shadi, Lidia Lisbôa, Lucimélia Romão, Pedra Silva, Reinata Sadimba, Senzeni Marasela, soupixo, Stacey Gillian Abe, Terroristas del Amor e Wura-Natasha Ogunji.
A exposição ficará aberta para visitação até 18 de janeiro de 2026 e é dividida em quatro eixos curatoriais: Estórias Pessoais, Histórias e Ficções, O Pessoal é Político e Performances. Nestes eixos, o público toma contato com um panorama da arte contemporânea produzida por mulheres racializadas que vivem e criam a partir de diferentes territórios e contextos socioculturais. As obras abordam temas como ancestralidade, identidade, espiritualidade, corpo, afeto, relações de poder, trabalho e dinâmicas de exclusão e pertencimento.
Ao conjugar beleza e denúncia, ancestralidade e invenção, a produção artística negra tensiona as fronteiras entre arte e vida, política e poética. É nesse gesto de ruptura e de criação constante que ela contribui efetivamente para a luta antirracista: abrindo espaços de reconhecimento, pertencimento e possibilidade onde antes havia apenas apagamento. Ela não ilustra a resistência ela é, por si, resistência em forma sensível, defende a escritora e filósofa Djamila Ribeiro, em um dos textos de apresentação da mostra.