Pais de Zambelli relatam momentos de agonia e sofrimento

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) está presa na Capital da Itália aguardando o pedido de extradição do Brasil. Segundo familiares, ela enfrenta desafios graves relacionados à sua saúde no cárcere.

Conforme o pai de Zambelli, João Hélio Salgado, a filha está frágil e sem medicação adequada, o que agrava sua condição física. "Ela sofre de desmaios", afirmou João Hélio, que também revelou ter participado da audiência de custódia da filha na última sexta-feira (1º). No entanto, ainda não conseguiu manter contato direto com a deputada. “Vivemos uma agonia sem fim, como se caíssemos em um buraco que nos tira do mundo. Estamos apenas vivendo essa situação, sem poder fazer nada”, desabafou.

João Hélio explicou que Zambelli convive com mais de dez doenças, embora não tenha especificado quais, e ressaltou a preocupação da família com a falta dos medicamentos essenciais. Além disso, ele destacou as dificuldades enfrentadas por eles enquanto tentam lidar com o caso do lado de fora do país europeu. “A saúde dela é uma grande preocupação e tudo só piora por estarmos em um país estrangeiro”, comentou, lembrando que não conseguiam nem se comunicar com o marido dela, o coronel Aguinaldo Oliveira, nem com os advogados, por receio de que estariam sendo monitorados pelas autoridades para rastrear o paradeiro da deputada.

A mãe de Carla, Rita Zambelli, por sua vez, no dia 29/07 enviou uma carta à primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, pedindo “atenção e sensibilidade” diante da situação da filha, ação incentivada pelos advogados da parlamentar, após a prisão.

João Hélio comentou ainda que Zambelli poderia ter adotado uma postura diferente para evitar a prisão. “Talvez ela deveria ter se entregado". A situação poderia estar sendo menos complicada. Faltou orientação”, disse, referindo-se ainda a um vídeo publicado pela deputada, no qual ela afirmava estar exilada na Itália, ser cidadã italiana ato que pela fala do pai sugere como um erro. João Hélio refutou rumores de que a localização de Zambelli tenha relação com a movimentação dele pela capital italiana, esclarecendo que esteve na rua apenas duas vezes para fazer compras.

Ainda que tenha evitado mencionar diretamente a hipótese de perseguição política por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), o pai expressou desânimo e descontentamento com os desdobramentos judiciais. Ele lamentou sobretudo a inclusão, pelo STF, de uma nova ação penal contra a filha, relacionada a um episódio de “perseguição armada”, que agora integra o pedido de extradição. O processo estava sob análise do ministro Kassio Nunes Marques, que na última sexta-feira, 01/08 devolveu o caso ao plenário, possibilitando o avanço da ação e julgamento virtual. “o que pode acontecer em desfavor acontece, processo estava com o Kassio Nunes, ele liberou, o julgamento, agora e será marcado o julgamento e o STF usará mais isso, para pedido de extradição; que nome que se dá a isso?” desabafa.

O Supremo Tribunal Federal oficializou nesta sexta-feira (1º) a determinação para que a Advocacia-Geral da União adicione a ação penal referente à suposta perseguição armada ao pedido de extradição da deputada. Condenada a 10 anos de prisão por outra acusação, Carla Zambelli aguarda o procedimento legal na Itália, após ter sido presa por autoridades locais. O incidente da “perseguição armada” ocorreu em outubro de 2022, momento das eleições presidenciais em São Paulo. Zambelli, então deputada, teria perseguido um jornalista pró-presidente Lula (PT), cidadã que acabou se tornando ré no STF pelo caso, ainda sem condenação definitiva. O julgamento tinha sido suspenso desde março devido a um pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Os familiares afirmam que pretendem retornar ao Brasil após a chegada do coronel Aguinaldo Oliveira, marido da deputada, que deve estar em Roma até a próxima terça-feira. “Vamos retornar todos juntos quando ele chegar”, declarou João Hélio.

Este desdobramento marca um novo capítulo na trajetória judicial de Carla Zambelli, cuja prisão na Itália levanta questionamentos sobre votos judiciais e impactos políticos envolvendo o Supremo Tribunal Federal. A situação reverbera não apenas na esfera legal, mas também no âmbito político e pessoal da deputada e seus familiares.