Entre 1861 e 1874, os 11 escravizados plantaram mais de 100 mil árvores nativas da Mata Atlântica, restaurando os mananciais que abasteciam a então capital do Brasil.
Neste sábado, foram convidados artistas, pesquisadores e outras personalidades para plantarem, cada um, uma muda em homenagem a um dos escravizados.
“Este ato é para a gente celebrar a nossa ancestralidade. Reverenciar e homenagear pessoas que fizeram algo tão importante para cidade do Rio de Janeiro e para o mundo também, que é a Floresta da Tijuca”, disse a rapper Juju Rude, que participou da cerimônia e foi uma das convidadas a plantar uma das mudas nativas.
O produtor e pesquisador do projeto Negro Muro Pedro Rajão também plantou uma das mudas em homenagem aos reflorestadores. “A gente está em um momento político fundamental de enfrentamento ao apagamento do protagonismo preto em várias ordens. Eu acho que hoje é o reconhecimento do trabalho de pessoas escravizadas que por muito tempo foram vistas apenas como escravos.”
“Foram africanos escravizados que vieram para cá, então, vieram intelectuais, vieram professores, vieram reis, vieram engenheiros, agrônomos, vieram filósofos, pessoas que sabiam lidar com o minério, que sabiam lidar com a terra, que sabiam lidar com as ervas, com os animais”, acrescentou.
Heróis e heroínas
Este mês, por determinação da Lei 10.772/25, os nomes de Eleuthério, Constantino, Manoel, Matheus, Leopoldo, Maria, Sabino, Macário, Clemente, Antônio e Francisco foram inscritos no Livro dos Heróis e Heroínas do Estado do Rio de Janeiro. O livro foi criado pela Lei Estadual 5.808/10 para homenagear personalidades que tenham prestado relevantes serviços ao estado.
Dani Monteiro, que é autora também do projeto que deu origem à lei, diz que foi preciso produzir uma emenda para que os nomes pudessem ser inscritos mesmo não tendo sobrenomes. “As pessoas não tinham sobrenomes, porque elas eram como posses, eram como objetos. Não tinham essa humanidade para ter nome e sobrenome”, diz.
Para a deputada, tanto a inscrição no livro quanto a inauguração da nova placa são medidas necessárias ao reconhecimento do papel histórico das pessoas que foram escravizadas no Brasil. “Por direito à memória, à reparação, necessariamente o futuro tem que ser ancestral”, defende.