RP Mobi era ‘parceira’ de fintech investigada por elo com o PCC
BK Bank fornecia máquinas de cartão para o pagamento de taxas nos pátios de recolhimento de veículos
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Apontada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público como braço financeiro do PCC (Primeiro Comando da Capital), a fintech BK Bank mantinha até a última semana uma parceria com a RP Mobi, empresa estatal responsável pelo gerenciamento do trânsito e do transporte público em Ribeirão Preto. A empresa, que fornecida máquinas de cartão para os pátios de recolhimento de veículos, teve o descredenciamento oficializado no Diário Oficial do município.
Além do acordo com a estatal, o grupo chegou a ter contrato diretamente com a Prefeitura de Ribeirão Preto. O acordo previa o fornecimento de cartões-benefício para a compra de fraldas para pessoas beneficiadas por decisões judiciais.
No negócio dos pátios, o faturamento da fintech chegou a R$ 743 mil, dos quais R$ 626 mil foram repassados para a RP Mobi. Já no atendimento assistencial, o contrato movimentou cerca de R$ 3,2 milhões.
Segundo as investigações da PF, a BK Bank teria movimentado mais de R$ 54 bilhões. A suspeita é de que ela atuaria na captação e ocultação de recursos da organização criminosa, permitindo a compra de empresas e outros investimentos.
O método o usado seria o de “contas bolsão”, em que recursos de diferentes clientes eram reunidos em uma conta, dificultando o rastreamento e a identificação da origem e bloqueando as regras da Receita Federal para o combate à lavagem de dinheiro.
Uma vez “bancarizado”, os recursos da facção eram aplicados em fundos de investimento.
Descredenciada
Em nota, a RP afirmou ao Jornal Ribeirão que não tem mais nenhuma relação com a fintech.
“Os serviços antes prestados pela empresa fornecedora ficaram inoperantes sem a devida comunicação prévia à RP Mobi, o que motivou a adoção imediata de providências administrativas. Diante disso, o descredenciamento da fornecedora foi formalizado no dia 29 de agosto, e publicado no Diário Oficial do Município em 1º de setembro de 2025, e já está em andamento um novo chamamento público para restabelecer o serviço de pagamento por cartão”, diz o texto encaminhado à reportagem.
Ainda de acordo com a estatal, a empresa recebia valores da Bk Bank, não pagava.
“A RP Mobi esclarece que nunca realizou qualquer pagamento à referida fornecedora das máquinas de cartões utilizadas nos pátios de veículos. E, no período de agosto/2023 a agosto/2025, em que a empresa mencionada esteve crededenciada mediante chamamento público, a RP Mobi RECEBEU o montante de R$ 626.361,66, valor integralmente proveniente das taxas pagas pelos munícipes em operações realizadas por meio das máquinas de cartão de crédito, em que as taxas eram negociadas, exclusivamente, entre a operadora e o usuário. Por fim, a RP Mobi reforça que não compactua com qualquer tipo de irregularidade. Todas as transações realizadas ocorreram dentro da legalidade e com total regularidade, não havendo pendências financeiras entre as partes”, conclui.