Órgão de vigilância nuclear da ONU diz que Irã viola obrigações

Compartilhar notícia

Órgão de vigilância nuclear da ONU diz que Irã viola obrigações
Órgão de vigilância nuclear da ONU diz que Irã viola obrigações - Foto: Agência Brasil
Órgão de vigilância nuclear da ONU diz que Irã viola obrigações - Foto: Agência Brasil

O conselho de governadores do órgão de vigilância nuclear da ONU declarou que o Irã violou suas obrigações de não-proliferação, nesta quinta-feira (12). O país do Oriente Médio anunciou contramedidas, enquanto as tensões aumentam na região antes de novas negociações nucleares do país com os Estados Unidos.

Autoridades dos EUA e do Irã realizarão uma sexta rodada de negociações sobre o programa de enriquecimento de urânio acelerado de Teerã em Omã no domingo (8), disse o ministro das Relações Exteriores de Omã nesta quinta-feira.

Mas os temores de segurança aumentaram desde que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quarta-feira (11) que cidadãos norte-americanos estavam sendo retirados da região porque "poderia ser um lugar perigoso" e que Teerã não teria permissão para desenvolver arma nuclear.

O conselho da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) declarou que o Irã violou suas obrigações de não-proliferação pela primeira vez em quase 20 anos, aumentando a perspectiva de reportá-lo ao Conselho de Segurança da ONU.

A medida é o ponto culminante de vários impasses entre a AIEA, sediada em Viena, e o Irã desde que Trump retirou os EUA de um acordo nuclear entre Teerã e grandes potências em 2018 durante seu primeiro mandato, após o qual o acordo se desfez.

Uma autoridade da AIEA disse que o Irã respondeu informando ao órgão de vigilância nuclear que planeja abrir uma nova instalação de enriquecimento de urânio.

A ação do Irã é uma das várias medidas que estão sendo tomadas por causa da resolução, disse a TV estatal iraniana. O funcionário da AIEA, que falou sob condição de anonimato, afirmou que o Irã não forneceu mais detalhes, tais como a localização da instalação.

Behrouz Kamalvandi, porta-voz da organização de energia atômica do Irã, disse à TV estatal que Teerã havia informado a AIEA sobre duas contramedidas, incluindo "a atualização das centrífugas em Fordow (usina de enriquecimento) da primeira para a sexta geração, o que aumentará significativamente a produção de urânio enriquecido".

O enriquecimento pode ser usado para produzir urânio para combustível de reator ou, em níveis mais altos de refinamento, para bombas atômicas. O Irã afirma que seu programa de energia nuclear é apenas para fins pacíficos.

Reiterando a posição do Irã de que não abandonará o direito ao enriquecimento nuclear como signatário do Tratado de Não Proliferação, uma autoridade sênior iraniana disse à Reuters que as tensões crescentes na região têm a intenção de "influenciar Teerã a mudar sua posição sobre seus direitos nucleares".

Retirada parcial

Os Estados Unidos estão preparando uma retirada parcial de funcionários de sua embaixada no Iraque e permitirão que familiares de militares deixem locais no Oriente Médio devido ao aumento dos riscos de segurança na região, disseram fontes norte-americanas e iraquianas na quarta-feira.

As quatro fontes não especificaram quais riscos de segurança motivaram a decisão de retirada, e o Departamento de Estado dos EUA não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Os preços do petróleo subiram com a notícia da retirada parcial.

O presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou repetidamente atacar o Irã se as negociações sobre seu programa nuclear fracassarem. Ele disse ainda que estava cada vez menos confiante de que Teerã concordaria em parar de enriquecer urânio, uma exigência norte-americana.

O ministro da Defesa iraniano, Aziz Nasirzadeh, também disse na quarta-feira que o Irã retaliaria as bases norte-americanas na região se as negociações nucleares fracassassem e o país fosse submetido a ataques.

Os Estados Unidos têm presença militar no Iraque, Kuweit, Catar, Barein e Emirados Árabes Unidos.