Fundação Santa Lydia anuncia 14º e cesta de Natal para funcionários
Após fechar 2024 com um déficit de R$ 2,3 milhões, entidade deve gastar o dobro disso com novos benefícios
, atualizado
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Responsável pela gestão de dois Hospitais e três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) em Ribeirão Preto, a Fundação Santa Lydia anunciou esta semana que vai pagar uma gratificação adicional e cestas de Natal para os seus funcionários. Os novos benefícios devem custar cerca de R$ 4,2 milhões à instituição, que fechou o exercício financeiro de 2024 com um déficit de R$ 2,3 milhões.
O “14º salário” e o benefício natalino foram prometidos aos servidores pelo prefeito Ricardo Silva (PSD) e o secretário de Saúde, Maurício Godinho, em reunião com a categoria. O objetivo, segundo o chefe do Executivo, é “motivar” a equipe.
"Isso vai mudar a vida de vocês? não vai mudar, mas dá um estímulo, se der um estímulo a vocês, sejam felizes, para poder olhar para aquelas pessoas e transbordar felicidade. Isso me realiza", disse Silva. Apesar do anúncio público, nenhuma proposta sobre os dois temas foi encaminhada para votação pela Câmara.
Atualmente, a Fundação Santa Lydia conta com cerca de 1,1 mil funcionários que estariam aptos a receber as gratificações. Eles atuam nos hospitais municipais Santa Lydia e Francisco de Assis, nas UPAs Quintino, Leste e Norte e em outras quatro unidades de saúde.
Essa lista inclui gestores de alto escalação. A reportagem apurou que, somando as verbas salariais do mês de dezembro, 13º e 14º salários, encargos sociais relativos ao montante do mês, ainda somando os reflexos em relação a Direitos Trabalhistas o custo por gestor pode alcançar R$ 300 mil.
Balanço
Publicado incialmente sem os pareceres obrigatórios de uma auditoria independente e dos conselhos da própria fundação, o balanço financeiro de 2024 do Santa Lydia apontou um déficit de R$ 2,3 milhões nas contas da instituição.
O montante equivale à diferença entre o que foi gastos com salários, insumos e prestadores serviço para a execução dos atendimentos e o que foi arrecadado pela fundação através de repasses da prefeitura e do SUS (Sistema Único de Saúde). Após denúncia do Jornal Ribeirão, o balancete completo foi republicado.
Mesmo assim, a gestão Ricardo Silva não demonstra plena confiança nos números. Em nota, a Fundação Santa Lydia informou que está processo de contratação de uma auditoria externa.
“Caso seja verificado déficit, com o apoio da Secretaria de Saúde e o empenho de uma equipe técnica qualificada, será possível reverter eventuais prejuízos acumulados e restabelecer o equilíbrio financeiro da Instituição”, diz o texto encaminhado à reportagem.
Auditoria fez uma série de ressalvas
O parecer dos auditores independentes fez um alerta em relação a elaboração e adequada apresentação das demonstrações contábeis e questionam sobre continuidade futura das operações. Entre os itens apontados estão:
Falta de estudo da vida útil e valor residual dos bens:
A fundação não fez uma análise adequada sobre quanto tempo os bens (como equipamentos e imóveis) vão durar e qual será o valor deles no final desse período. Isso é importante para calcular a depreciação correta.
Falta de teste de impairment:
Não foi realizado um teste para verificar se o valor dos bens da instituição está abaixo do que deveria ser, ou seja, se houve perda de valor que precisa ser registrada.
Déficit acumulado e continuidade operacional:
A fundação está com prejuízo acumulado (gasta mais do que recebe). Existe uma dúvida se ela consegue continuar funcionando normalmente no futuro, o que precisa ser destacado.
Falta de integração dos controles internos com um sistema informatizado:
A instituição tem várias normas e procedimentos, mas eles não estão organizados em um sistema único e integrado (como um software ERP). Isso dificulta garantir que os controles internos funcionem bem para evitar erros ou fraudes.