Prejuízo das estatais de Ribeirão tiraria 440 famílias do aluguel

Prejuízos Acumulados das três empresas somaram juntas total de R$ 32,8 milhões, montante suficiente para tirar quatro centenas de famílias da fila para casa própria

, atualizado

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Sede da COHAB em Ribeirão Preto: prejuízo milionária
Sede da COHAB em Ribeirão Preto: prejuízo milionária - Foto: Divulgação
Sede da COHAB em Ribeirão Preto: prejuízo milionária - Foto: Divulgação

Os Balanços Patrimoniais das três empresas estatais de Ribeirão Preto: Coderp (Companhia de Desenvolvimento de Ribeirão Preto), COHAB (Companhia Habitacional Regional de Ribeirão Preto) e RPMobi (Ribeirão Preto Mobilidade) divulgados recentemente apontaram resultados negativos no último exercício financeiro. Juntas, as companhias acumularam prejuízos de R$32,8 milhões no ano de 2024. O montante seria suficiente para construir 440 casas no padrão básico do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal.

Desde que foram fundadas, as três, os prejuízos Acumulados das três empresas somaram juntas total de R$388,4 milhões. Além disso, elas acumulam um Patrimônio Líquido negativo total de R$266,7 milhões. Isso significa que as empresas possuem mais dívidas do que ativos, o que pode comprometer sua sustentabilidade e sobrevivência no mercado.

Situação Alarmante

Em 2022, uma assembleia da Coderp estabeleceu prazo mínimo de 24 meses para a liquidação da empresa, com possibilidade de prorrogação por até três anos. Também foi decidido que acionistas minoritários com menos de 1% das ações deveriam devolver voluntariamente seus títulos, o que ainda não ocorreu ao final do governo anterior.

Nos bastidores, a informação é de que o governo Ricardo Silva (PSD) ainda estuda o que fazer com a estatal, podendo optar pelo cancelamento da liquidação.

Segundo o Secretário da Justiça Augusto Martinez Perez, na Assembleia Geral Ordinária realizada no dia de ontem e nota da prefeitura, existem estudos para que a Coderp não seja liquidada dada a “importância para o município”.

Dados do Balanço Patrimonial encerrado em 2024, publicado no último mês a companhia deve R$22,6 milhões de Parcelamentos Tributários e R$33,3 de provisões para pagamento de processos cíveis e trabalhistas, além de uma folha de pagamento com encargos sociais que ultrapassam a R$50 milhões por ano, correspondendo a 80% de todo faturamento que a operação Coderp realiza.

COHAB

O cenário negativo nas contas da COHAB. Apesar de uma administração bastante enxuta até final de 2024 a companhia, em 2022, tinha a conta de prejuízos acumulados na ordem de R$82 milhões. Esse montante, em 2023, subiu para R$112,4 milhões e no final de 2024 a conta de prejuízos acumulados saltou para R$130,4 milhões. No último ano, a empresa pagou de “Despesas Financeiras” o equivalente ao que arrecadou em todo o exercício fiscal.

No caso da RPMobi, as receitas vêm, basicamente, de multas de trânsito e do sistema de estacionamento rotativo, a Área Azul.

No ano passado, a empresa arrecadou R$57 milhões, mas a operação da Zona Azul enfrenta prejuízos constantes. Os últimos balancetes do ano de 2024 apontaram prejuízos mensais na ordem de R$40 mil por mês, sendo que 100% da arrecadação da Área Azul não cobre o gasto mensal da locação com os parquímetros. Em dezembro de 2024, o Jornal Ribeirão noticiou que a empresa Zona Azul Brasil, dona dos parquímetros locados à RPMOBI entrou na justiça contra a empresa municipal de transporte por falta de pagamento da locação dos equipamentos. Após a matéria do JR, a RPMobi não publicou mais balancetes do serviço.

Em 2024 a empresa reportou prejuízos acumulados na ordem de R$13,1 milhões e a conta de prejuízos acumulados subiu para R$66,9 milhões.

Governo atual e Coderp falaram com o Jornal Ribeirão em nota conjunta

A administração Ricardo Silva informou que analisa a situação das empresas. “A Prefeitura de Ribeirão Preto informa que as informações contábeis e financeiras da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (CODERP) estão devidamente registradas no Balanço Patrimonial, divulgado na semana passada, 11 de abril, em cumprimento aos princípios da transparência e da responsabilidade fiscal. Ressaltamos que a Prefeitura, juntamente com sua equipe técnica, está analisando com responsabilidade e cautela a situação da empresa e os próximos passos a serem tomados. Todas as decisões serão pautadas pelo interesse público, legalidade e viabilidade técnica e administrativa”, diz a nota encaminhada ao Jornal Ribeirão.

Gestão Nogueira

“O processo de liquidação da CODERP foi iniciado em 2022, durante a gestão 2021–2024, com o objetivo de tornar a administração pública mais eficiente e racionalizar os custos operacionais. A condução da liquidação exigiu responsabilidade técnica, considerando que a companhia é responsável por sistemas essenciais da Prefeitura de Ribeirão Preto, como folha de pagamento, saúde, educação e tributos — que não podem ser interrompidos de forma imediata. Desde o início do processo, a gestão trabalhou de forma gradual na redução do número de servidores, sempre respeitando os limites legais e operacionais da prefeitura, que foi absorvendo as funções internas da companhia ou transferindo serviços de forma estruturada. Em muitas situações, inclusive, verificou-se que manter determinados serviços internamente, com o conhecimento técnico da equipe da CODERP, era mais econômico e eficiente do que terceirizar. A gestão 2021–2024 avançou significativamente na liquidação da companhia, deixando o processo estruturado para que possa ser finalizado com segurança institucional, respeito ao servidor público e responsabilidade com os sistemas que atendem diretamente à população”